Sete meses depois do prazo estipulado pelo Governo do Estado, os 40
leitos de clínica médica do Hospital Psiquiátrico João Machado, em
Natal, ainda não foram entregues à população. As obras de reforma da ala
que um dia abrigou a enfermaria masculina do “hospital colônia” estão
em vias de conclusão, mas a Secretaria de Estado de Saúde Pública
(Sesap) não definiu quem irá gerir o novo empreendimento, tampouco quais
profissionais irão compor as escalas de plantão. Os 40 leitos, conforme
previsão da Sesap, desafogarão o Setor de Clínica Médica do Hospital
Monsenhor Walfredo Gurgel, cujas enfermarias não se desvencilham do
flagelo da superlotação.
O setor reformado no Hospital Psiquiátrico aparenta ser uma unidade
alheia às demais, que sucumbem diante da falta de infraestrutura básica.
Paredes sujas e mofadas, infiltradas e instalações elétricas e
hidráulicas expostas, além de ralos abertos, portões e camas
enferrujadas, compõem o cenário no qual os pacientes sofrem em silêncio
enquanto caminham rumo a lugar nenhum. Muitos são acomodados em
colchonetes no chão das enfermarias por falta de leitos.
Na ala
reformada os corredores são largos, com salas amplas e entrada
independente das demais enfermarias e no lado oposto ao pronto-socorro
do João Machado. Tudo, porém, sem nenhum equipamento médico instalado
até hoje. “Ainda não sabemos como ficará a gestão da nova ala. Deverão
ocorrer reuniões para definir a situação”, comentou a diretora-geral do
Hospital João Machado, Mirna Chaves. Além disso, a direção da unidade
está preocupada com a abertura dos leitos sem a construção de um novo
Setor de Nutrição e Dietética.
A atual cozinha do Hospital
Colônia, que distribui 1.200 refeições por dia, não dispõe do aparato
ideal para funcionamento. São equipamentos sem manutenção, ralos abertos
no meio da cozinha industrial, paredes mofadas e infiltrações. “Será
preciso construir uma nova cozinha para dar suporte aos dois núcleos”,
enfatizou Mirna Chaves.
De acordo com o cronograma apresentado
pela Sesap quando da decretação de Estado de Emergência na Saúde
Estadual, em julho de 2012, as obras na nova ala do Hospital João
Machado deveriam ficar prontas em 90 dias. O valor da reforma, à época,
não foi informado pelo Executivo Estadual.
As intervenções,
contudo, não contemplaram todo o hospital e a percepção dos próprios
servidores que atuam na instituição é de que existem dois hospitais
dentro de um só. A direção não tem ideia de quando a unidade será
reformada. Servidores e pacientes vivem a expectativa de dias melhorias.
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