O presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do
Norte (CUT-RN), José Rodrigues Sobrinho, é um homem politizado, e como
tal, declara com força e coerência com os princípios que norteiam a luta
dos trabalhadores que representa. Em entrevista ao Jornal de Hoje,
Rodrigues abordou o problema da seca que atinge o semiárido nordestino
sob o ponto de vista do agricultor que sofre os efeitos da estiagem, e
afirmou, num misto de desabafo com denúncia: “Os políticos do Rio Grande
do Norte não têm o menor compromisso com o povo”.
Rodrigues lidera o protesto dos trabalhadores rurais no chamado
“Grito da Seca”, um movimento de luta pela melhoria das condições do
campo e que pleiteia do Estado ações efetivas para que o agricultor não
seja obrigado a deixar o interior. Entre os pleitos, está o direito
elementar à água, bem que, na visão do movimento, não faltaria, não
fosse o “comportamento da classe política”.
Neste trabalho, ele defende o direito das classes menos favorecidas
de reivindicar seus direitos, argumentando que a classe política está
letárgica, não consegue dar as respostas na velocidade que a população
que sofre na pele os efeitos da estiagem deseja. “Se a sociedade não se
mobilizar, não for para a rua, nada vai acontecer em seu benefício,
porque os políticos do Rio Grande do Norte não têm o menor compromisso
com o povo, porque isso está manifestado; eles só procuram o povo em
época de eleição, daqui a mais uns meses nós vamos ser procurados, mas
eu acredito que o povo aprenda, que o povo se conscientize. Nós estamos
em um Estado em que não temos saúde, educação, estradas, respeito pela
dignidade do homem do campo, não temos absolutamente nada. Então está na
hora do povo pensar em si, pensar que as soluções não partem mais dos
políticos e sim dele e por isso estamos chamando o povo para a rua”.
“Nós não podemos aceitar essa situação, temos o direito de
manifestar, principalmente num fenômeno que se chama seca, onde as
autoridades políticas estão ausentes aos anseios e às necessidades neste
momento. Nós temos consciência que não vamos acabar com a seca nunca,
mas podemos pelo menos acabar com a miséria que a seca causa ao povo
nordestino e principalmente ao povo do Rio Grande do Norte e no momento,
as autoridades, que deviam estar do lado do povo, estão contra o povo”,
disse.
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