Para protestar contra o fechamento das pediatrias de hospitais
públicos do Estado, servidores da Saúde, médicos e enfermeiros,
participaram, na manhã desta segunda-feira (22), de uma manifestação em
frente ao Hospital Santa Catarina, na zona Norte de Natal. O ato público
foi realizado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Saúde do Rio Grande
do Norte (Sindsaúde/RN), o Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte e
o Fórum Norte-riograndense em Defesa do SUS e Contra as Privatizações, e
contou com o apoio de populares, indignados com a suspensão do
atendimento.
No Hospital Santa Catarina, o setor de pediatria encerrou as
atividades na última sexta-feira (19), pois a escala dos médicos só
cobria os atendimentos até essa data. Durante o final de semana, quem
procurou o atendimento, mesmo em casos de urgência, teve que se dirigir a
outras unidades.
Para a diretora do Sindsaúde, Rosália Fernandes, as conseqüências do
fechamento da pediatria pode acarretar em grandes consequências para a
população que depende do serviço. “Os profissionais que estavam no
Hospital Santa Catarina só completavam a escala até a sexta-feira, pois
já cumpriram toda a sua carga horária e não há quem os substitua. Esse é
um hospital com demanda aberta de pediatria. É como um pronto socorro
pediátrico. O fechamento dessa e das demais pediatrias é algo muito
sério, pois pode levar à morte de crianças, que doentes, mesmo em casos
graves, não terão onde ser atendidas com rapidez, tendo que ser levadas
para locais mais distantes, por falta de opção”, disse Rosália.
Na manhã de hoje, enquanto acontecia o protesto, uma criança de dez
anos chegou ao Hospital, em crise convulsiva e não havia pediatras para
atendê-lo. Ele foi socorrido pela médica pediatra do Centro de
Obstetrícia, que fez os procedimentos de urgência e, em seguida,
encaminhou a criança para outro hospital.
A auxiliar de serviços gerais, Angélica da Silva, também tentou o
atendimento para a filha de oito meses, que apresentava febre, vômito e
dificuldade na respiração, mas foi surpreendida com a falta de
pediatras. Segundo Angélica, essa situação representa falta de respeito
para com os usuários e mostra a falta de interesse do Governo em
resolver a crise na saúde pública. “Cheguei aqui, com minha filha
doente, faltei o trabalho e ela nem foi atendida. Me mandaram ir para o
Hospital Sandra Celeste, que fica do outro lado da cidade e eu fico
preocupada de fazer uma viagem dessas com minha filha nesse estado. Isso
é uma falta de respeito com a população. O Governo não liga pra ninguém
e deixa o caos na saúde cada vez maior”, disse Angélica.
Além do Hospital Santa Catarina, as pediatrias de outros hospitais,
como o Walfredo Gurgel e o Deoclécio Marques, em Parnamirim, também
estão prestes a encerrar as atividades do setor. O principal motivo é a
falta de médicos pediatras para atender à grande demanda.
Para o médico Flávio Cunha, plantonista da extinta pediatria do Santa
Catarina, a falta de profissionais se deve à diversos fatores que devem
ser estudados e corrigidos pelo Governo. “Muitos pediatras estão se
aposentando, outros pediram demissão e os que estão se formando não se
interessam em trabalhar para o Governo por um salário de R$ 4,3 mil. O
Governo precisa reestruturar o quadro de profissionais para cumprir as
escalas e atender a demanda, mas para isso não basta abrir concurso. É
necessário pagar um valor justo, pois há muitos pediatras no Estado, mas
por esse salário, nem o concurso os atrairia”, afirmou o pediatra.
A pediatria do Hospital Walfredo Gurgel também encerrou as atividades
na manhã de hoje, quando, às 7h da manhã terminou o plantão do último
pediatra, sem ter quem o substituísse. Para dar continuidade aos
protestos, o Sindsaúde/RN realizará mais um ato público nesta
terça-feira, às 9h, em frente ao Hospital Walfredo Gurgel.
De acordo com a coordenadora geral do Sindsaúde, Simone Dutra, é
importante que os profissionais da saúde e a população se unam para
cobrar dos governos estadual e municipal, a solução imediata para essa
questão de saúde pública. “Até o momento, o Governo não sinalizou
nenhuma resolução para esses problemas. O que nós temos de fato é uma
população completamente desassistida, pelo descaso absoluto desse
Governo que infelizmente não tem o menor compromisso pelas vidas que
estão se iniciando agora. Estamos chamando a população para reivindicar e
exigir que isso se resolva. Queremos que a Prefeitura abra as Unidades
de Pronto Atendimento (UPA) para atender à infância também. Essa é uma
campanha em defesa da vida e a população deve lutar por isso”, disse
Simone.
fonte portal JH
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