da Agencia Brasil
Brasília - A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, Maria do Rosário, disse ontem que as
declarações do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias,
deputado Marco Feliciano (PSC-SP), fora do Congresso Nacional têm
incitado o ódio e a intolerância.
Há duas semanas, o deputado
Marco Feliciano, em um culto evangélico, disse que, antes da chegada
dele à presidência da CDHM, o colegiado era comandado por Satanás. Em
vídeos publicados na internet, o pastor diz que Deus teria mandado matar
o cantor John Lennon, dos Beatles, e os integrantes da banda Mamonas
Assassinas, vítimas de um acidente aéreo.
"É lamentável que nos
deparemos a cada dia com mais um pronunciamento, intervenção que incita o
ódio, a intolerância e o preconceito. Já ultrapassa a barreira de uma
comissão da Câmara. Diz respeito a todos nós", disse Maria do Rosário,
no Senado. "A Câmara, certamente, encontrará uma solução, ou o próprio
Ministério Público, porque incitar a violência e o ódio é uma atitude
ilegal e inconstitucional", acrescentou a ministra.
Em entrevista ao
chegar à exposição em memória dos mortos no Holocausto e para marcar os
70 anos da insurreição dos judeus no Gueto de Varsóvia, na Polônia,
Maria do Rosário lembrou que a intolerância e o preconceito foram
responsáveis por massacres.
"Jamais uma etnia, uma religiosidade, uma
forma de existência pode perceber-se superior às demais formas de
existência humana. Estamos vendo aqui, em uma exposição sobre o
Holocausto, o resultado do ódio, da intolerância e do desrespeito humano
ao próximo, seja do ponto de vista étnico ou religioso", disse a
ministra.
O deputado Marco Feliciano é acusado de homofobia e racismo
por ter postado nas redes sociais comentários considerados ofensivos a
homossexuais e negros. Ele nega as acusações e já pediu desculpas pelas
declarações publicadas na internet.
Depois de visitar a exposição, a
ministra participou de sessão especial em memória às vítimas do
Holocausto. Maria do Rosário ressaltou que o respeito às diferenças é
uma cláusula fundamental da Constituição Federal de 1988 e disse que o
governo federal não se afastará desse princípio.
"Cuidar para que o
Brasil não aceite a discriminação é a nossa missão", disse a ministra em
discurso para a comunidade judaica presente no plenário do Senado.
Segundo ela, o combate às diferenças e ao racismo deve mobilizar não
apenas as instituições do país, mas "todos os brasileiros e todas as
brasileiras".
A ministra destacou ainda que o Brasil jamais adotará a
postura ainda presente entre alguns povos de negar a existência do
Holocausto promovido pelos nazistas contra o povo judeu na 2ª Guerra
Mundial. "A negação do Holocausto como valor histórico e humano tem o
significado de diminuir as atrocidades que foram cometidas contra um
povo", disse ela.
A cerimônia também contou com a presença de Michael
Stivelman, sobrevivente do Holocausto, e do presidente da Confederação
Israelita do Brasil, Cláudio Lottenberg, entre outros.
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