quinta-feira, 7 de março de 2013

Investigação por abuso de poder ameaça 18 mandatos

Vinte e um processos  que envolvem denúncias por supostos abusos do poder econômico ou político foram remetidos ao Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) no período que vai do primeiro dia de janeiro de 2012 até ontem. Isso significa que os resultados das eleições municipais em pelo menos 18 cidades potiguares (algumas têm mais de um processo) podem ser modificados. Os municípios são Itaú, Taboleiro Grande, Alto do Rodrigues, Baraúnas, Monte Alegre, Senador Elói de Souza, São Tomé, Cerro Corá, Baraúnas, Arês, Pendências, Jardim de Piranhas, São José de Campestre, Mossoró, Jucurutu, Ceará Mirim, Monte Alegre e Guamaré.
A maioria dos processos é formada por recursos eleitorais que pedem impugnação ao registro de candidatura e determinação de inelegibilidade dos candidatos citados. Se referem a cidades do interior do Estado,  em sua maioria distantes da capital. O número citado reúne apenas os casos remetidos ao TRE-RN, ficaram de foram os processos remetidos às zonas eleitorais. O caso mais emblemático, por se tratar da segunda maior cidade do estado, é o que determinou a cassação do mandato da prefeita eleita de Mossoró, Cláudia Regina (DEM) e seu vice-prefeito, Wellington Filho (PMDB). Em ação impetrada pela coligação opositora, representada pela deputada estadual Larissa Rosado (PSB), foi levantado o questionamento de uso de poder político e econômico durante a campanha eleitoral passada, culminando no questionamento sobre a presença excessiva da governadora Rosalba Ciarlini em Mossoró.

Parte desses processos eleitorais estão em tramitação no TRE-RN, onde aguardam apreciação. Mas essas decisões não serão imediatas. São casos demorados, pois como explicou o advogado e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Erick Pereira, tendo como base o pedido de cassação do mandato da prefeitura de Mossoró, "exige que haja uma discussão por um órgão colegiado". Ele explica ainda que explicou que existem várias modalidades de tipos eleitorais de irregularidades. "O artigo 22, por exemplo, que trata do abuso do poder, não enseja uma cassação de  imediato".

O advogado especializado em direito eleitoral Leonardo Dias explica que o poder econômico e político podem sim ser utilizados como ferramenta de campanha. O que não é permitido é exatamente o abuso. "A partir dai é configurado o crime. A partir do momento em que fica configurada uma distorção, uma grande desigualdade entre os candidatos, na maior parte dos casos favoravelmente ao candidato que está se utilizando do poder político e/ou econômico", detalha.

As provas mais comuns para comprovação do delito são a utilização de práticas abusivas de meios de comunicação e de uma grande estrutura financeira durante campanha. "Como o uso anormal de veículos para fazer  propaganda eleitoral", explica Leonado Dantas.

Como é possível observar na lista de cidades envolvidas em investigação esse tipo de expediente é mais presente nos municípios mais distantes das capitais. "Devido à diferença da própria estrutura dos candidatos. Na capital, essa tendência de recursos financeiros não se mostra tão evidente porque o universo de eleitores é bem maior. Já no interior o número e mais reduzido e se torna mais evidente. O nível de esclarecimento dos eleitores também influencia bastante", afirma o advogado.

Dois municípios têm eleição suplementar

Os municípios de Caiçara do Rio dos Ventos e Serra do Mel terão novas eleições para eleger prefeito e vice-prefeito. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as novas votações vão ocorrer no dia 7 de abril, um domingo. Vinte e oito municípios em todo o Brasil nos quais as eleições municipais do ano passado foram anuladas devido à Lei da Ficha terão um novo pleito.
Em Caiçara do Rio dos Ventos as eleições foram anuladas porque os candidatos que obtiveram mais de 50% dos votos válidos tiveram os registros de candidaturas julgados rejeitados pela Justiça Eleitoral, em julgamento posterior ao pleito. 

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