O Estado de São Paulo
A primeira pesquisa completa sobre a
estrutura burocrática dos Estados, realizada pelo IBGE, revela que os
27 governadores empregavam em 2012, em conjunto, um contingente cerca
de 105 mil funcionários que não fizeram concurso para entrar na
administração pública. Apenas na chamada administração direta, da qual
estão excluídas as vagas comissionadas das empresas estatais, o número
de funcionários subordinados aos gabinetes dos governadores ou às
secretarias de Estado sem concurso público chega a 74.740.
Do total de 105,5 mil servidores sem
concurso nos Estados, quase 10% estão em Goiás. O governador Marconi
Perillo (PSDB) abriga em sua burocracia 10.175 funcionários nessa
situação, o que o torna líder no ranking desse tipo de nomeações em
números absolutos. A Bahia, governada pelo petista Jaques Wagner, vem
logo atrás, com 9.240 não concursados.
Ao se ponderar os resultados pelo
tamanho da população, os governadores que saltam para a liderança do
ranking são os de Rondônia, Confúcio Moura (PMDB), e do Distrito
Federal, Agnelo Queiroz (PT), com 937 e 263 cargos por 100 mil
habitantes, respectivamente.
Os oito governadores do PSDB controlam, em conjunto, 37,6 mil cargos ocupados por servidores não concursados. Os quatro governadores do PT, por sua vez, têm em mãos 23 mil vagas. Logo atrás estão os quatro do PMDB, com 21,6 mil.
O peso dos partidos muda quando se
pondera a quantidade de cargos controlados por 100 mil habitantes. Nesse
caso, o PT passa para o primeiro lugar (75), e o PSDB cai para o
quinto (41).
Em teoria, os cargos de livre nomeação
servem para que administradores públicos possam se cercar de pessoas com
quem têm afinidades políticas e projetos em comum. Na prática, no
entanto, é corrente o uso dessas vagas como moeda de troca.
Além de abrigar seus próprios eleitores
ou correligionários, os chefes do Executivo distribuem as vagas sem
concurso para partidos aliados em troca de apoio no Legislativo ou em
campanhas eleitorais.
“Os critérios e métodos de composição
de governo que servem para a esfera federal se reproduzem nos Estados”,
observa o cientista político Carlos Melo.
“A grande reforma política que
poderíamos fazer seria reduzir ao mínimo esses cargos, tanto no âmbito
da União quanto no dos Estados e municípios. Faremos? Creio que não.
Não interessa ao sistema político.”
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