Chafurdado em
alguns dos piores indicadores socioeconômicos do Brasil – até mesmo para os
padrões alagoanos – Murici é o resultado da velha política assistencialista,
cujas raízes remontam o coronelismo. Um terço dos moradores não sabe ler nem
escrever, 65% dependem do Bolsa Família para sobreviver e o Índice de
Desenvolvimento Humano rasteja em 0,58 (numa escala que vai de 0 a 1).
Uma das maiores
escolas públicas muricienses, com 560 alunos, funciona em salas de chão de
terra separadas por tapumes. Crianças saem mais cedo porque a escola não
oferece merenda, mas a verba da merenda existe e o caso já está no STF. Mas o
assunto que revolta os moradores é o destino de 2.000 casas construídas com
verba federal de 95 milhões de reais, que seriam destinadas a famílias
desalojadas na enchente de 2010, que deixou mais de 10.000 desabrigados. As
casas estão prontas, mas a maioria desses imóveis foi distribuída segundo
critérios duvidosos, que quase sempre privilegiam os mais próximos do poder.
Ora, é
decepcionante ao contribuinte nacional pagar alta carga tributária para
alimentar a corrupção política brasileira. Não fosse a mídia investigativa
nacional, de grande atuação positiva, ninguém ficaria sabendo do que está
ocorrendo no país. Mas o que mais revolta é ver os chefões das maracutaias
brasileiras em franca liberdade, em ação e desempenhando altos cargos no poder
público nacional.
Era para o
presidente do Senado ficar abalado com as denúncias envolvendo o seu nome e
familiares? No Japão quando isso ocorre, os políticos envolvidos se suicidam de
tanta vergonha. Mas é exigir demais de quem já renunciou uma vez ao Senado para
não ser cassado por conduta irregular.
Triste país que
conta com um corpo político tão comprometido com a podridão do poder. O senador
deveria envergonhar-se de não dar dignidade social ao seu Estado e ao município
de Murici, onde a miséria social denigre a imagem do Brasil em paradoxo à
riqueza de seus políticos e familiares, que vivem nababescamente com o desvio
de dinheiro público. E, lamentavelmente, Renan Calheiros é o presidente do
Senado Federal. Por isso, o país é de um contraste social, porque políticos
mequetrefes, oportunistas e solertes só sabem tirar proveito da coisa pública.
Por: Júlio César Cardoso é bacharel em Direito e
servidor federal aposentado, juliocmcardoso@hotmail.com
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