O Senado restituirá na próxima quinta-feira (16) o mandato de senador
do líder comunista Luiz Carlos Prestes (1898-1990). A sessão especial
para a devolução simbólica está prevista para começar às 15h30 e atende
ao projeto de resolução (PRS 4/2012), aprovado em abril pelo Plenário da
Casa.
De autoria do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), a proposta
declara nula resolução da Mesa do Senado de 9 de janeiro de 1948, que
extinguiu o mandato do senador Luiz Carlos Prestes e de seu respectivo
suplente, Abel Chermont.
Eleito senador em 1945 pelo então Partido
Comunista do Brasil com a maior votação proporcional da história
política brasileira até aquela época, Prestes teve seu mandato declarado
extinto pela Mesa do Senado após o Superior Tribunal Eleitoral ter
cancelado o registro do Partido Comunista do Brasil, em 1947.
Em sua
justificativa, Inácio Arruda considera inconstitucional a decisão da
Mesa do Senado que declarou extinto o mandato de Prestes, uma vez que a
Constituição de 1946, vigente à época, em seu parágrafo 3º do art. 141,
garantia o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
"O
senador Luiz Carlos Prestes foi eleito, diplomado e empossado sem
nenhuma impugnação. O Partido Comunista do Brasil estava legalmente
credenciado para disputar as eleições de 2 de dezembro de 1945",
argumenta Inácio Arruda.
O relator da matéria, senador Antônio Carlos
Valadares (PSB-SE) reforça o ponto de vista de Inácio Arruda,
observando que a Lei 211/1948, usada pelo Senado para justificar a
cassação, não poderia retroagir para atingir mandatos em curso.
Durante
a discussão da matéria, vários senadores defenderam a sua aprovação.
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) considerou a aprovação da matéria como um
ato de justiça e de resgate da historia do Brasil.
Randolfe Rodrigues
(PSOL-AP) tachou a decisão do Senado de cassação de Prestes, tomada em
1948, como uma das mais graves violências cometidas na história do país
contra a democracia.
- Devolver o mandato de Luiz Carlos Prestes é um
reconhecimento da memória e uma autocrítica que o Brasil tem que fazer
em relação aos momentos de violência que lamentavelmente foram
perpetrados não somente pela ditadura de 1964, mas também na vigência de
um - abre aspas - 'Estado democrático de direito' - disse Randolfe.
Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF) comemorou o resgate feito pelo Senado da memória de
Prestes, segundo ele, um dos grandes líderes da esquerda brasileira, o
Cavaleiro da Esperança, que buscou construir no país novas alternativas
de vida para a população.
O autor do projeto comunicou em Plenário o
recebimento de carta da viúva de Prestes, Maria Prestes,
congratulando-se com a Mesa do Senado pela decisão de colocar em votação
o projeto.
- É evidente que Prestes tinha o seu mandato - e os
comunistas na Câmara tinham os seus mandatos - como grande instrumento
de ligação com o povo, de defesa dos direitos sociais, de aprofundamento
do processo democrático brasileiro - afirmou Inácio Arruda.
Manifestaram
ainda seu apoio ao projeto os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP), João
Capiberibe (PSB-AP), Humberto Costa (PT-PE), Lídice da Mata (PSB-BA),
Jorge Viana (PT-AC) e Casildo Maldaner (PMDB-SC).
Após a aprovação da
proposição, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) avaliou a
medida como uma reparação a uma injustiça histórica, em consagração ao
princípio da segurança jurídica, reconhecido pela Constituição de 1946,
que introduziu a citada regra no ordenamento jurídico brasileiro.
Agência Senado
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