Agência Estado
Brasília - O
Brasil atingiu a meta assumida no compromisso Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio de reduzir em dois terços os indicadores de
mortalidade de crianças até cinco anos. O índice, que era de 53,7 mortes
por cada mil nascidos vivos em 1990, passou para 17,7 em 2011. Os
números integram o 5º Relatório Nacional de Acompanhamento, divulgado
ontem em Brasília pelo governo.
A meta foi atingida antes do prazo estipulado, 2015. A redução de morte
materna, no entanto, não teve o mesmo sucesso. O documento admite que o
Brasil dificilmente vai cumprir o compromisso de chegar em 2015 com no
máximo 35 óbitos maternos a cada 100 mil nascimentos. Para isso, seria
necessário praticamente reduzir pela metade os indicadores de 2011.
Naquele ano, o número de mortes de mulheres durante a gravidez, o parto
ou até 42 dias após o nascimento do bebê era de 63,9 por cada 100 mil
nascimentos.
Embora ainda muito superior ao compromisso assumido, os índices de
mortalidade materna no País já foram significativamente maiores. Em
1990, eram 143 por cada 100 mil nascimentos. “Os números melhoraram. Mas
há ainda muito a que ser feito. Mortes no parto e por complicações do
parto são evitáveis”, observou a representante da Rede Feminista de
Saúde, Santinha Tavares.
Ela afirma que o combate ao problema é
possível com a melhoria na qualidade da assistência, sobretudo durante o
pré-natal. “De nada adianta a mulher fazer sete consultas durante a
gestação, se elas não são forem de qualidade.” Santinha defende maior
participação de profissionais enfermeiros especializados no parto. “Há
uma resistência por parte dos médicos. Há uma luta de poder e quem sai
perdendo é a gestante.” Outro ponto considerado por ela fundamental é a
redução de cesáreas no País. “Elas aumentam o risco de infecção, tanto
do bebê quanto da mãe.”
Objetivos do Milênio são metas
estabelecidas em 2000 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
apoiadas por 192 países para serem alcançadas até 2015. Ao todo, são
oito pontos: acabar com a fome e a miséria; universalização da educação
primária; promoção da igualdade de gênero e autonomia das mulheres;
reduzir a mortalidade na infância; reduzir a mortalidade materna,
interromper a propagação e diminuir a incidência de HIV/aids,
universalizar o tratamento para a doença e reduzir a incidência de
malária, tuberculose e outras doenças; qualidade de vida e respeito ao
meio ambiente, incluindo reduzir pela metade a proporção da população
sem acesso permanente e sustentável à água potável e parceria mundial
para o desenvolvimento.
Além dos indicadores de mortalidade de
menores de cinco anos, o Brasil já atingiu a meta de redução da pobreza.
A meta brasileira para essa área é mais ambiciosa que a mundial. O
compromisso era reduzir a pobreza extrema a um quarto do nível de 1990
até 2015. De acordo com o relatório, em 2012, o nível da pobreza extrema
era menos de um sétimo do nível de 1990.
A presidente Dilma
Rousseff comemorou o dado. “Nós, de fato, reduzimos a desigualdade, não
reduzimos tirando de ninguém, mas aumentando o crescimento da renda dos
mais pobres. Os mais ricos do Brasil, a renda deles cresceu, mas foi
muito menos do que cresceu a renda dos mais pobres. É uma onda que vai
empurrando de baixo para cima todo mundo e a onda é mais forte naqueles
que queremos pegar primeiro, que são os eternamente excluídos deste
país”.
O relatório também ressalta o alcance integral da meta de
reduzir à metade o porcentual da população sem acesso a saneamento. A
meta foi atingida em 2012. De acordo com o trabalho, em 1990 53% da
população vivia em moradias com rede coletora de esgoto ou com fossa
séptica Em 2012, o porcentual subiu para 77%. O acesso à água também
melhorou nesse intervalo de 70% para 85,5%.
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