A equipe de oito policiais se ergue imponente. Do meio deles, uma
figura pequena gesticula sob um paletó e calças pretas riscadas em giz
na vertical. À sua ordem, tal qual Moisés ao abrir o Mar Vermelho, dois
policiais no abre-alas se afastam, revelando um Herval Sampaio que
derrete sob o sol.
Avançando como a aurora, logo bota ordem no Colégio Eliseu Viana, onde votam os principais candidatos da disputa mossoroense.
- Quem não vota aqui sai. – Berra entre os altos policiais, como para
compensar sua baixa estatura. Os decibéis do magistrado se elevam ainda
mais quando ele registra que o prefeito interino Silveira Júnior parou
para dar entrevista.
- DENTRO DO COLÉGIO NÃO. ENTREVISTA SÓ LÁ FORA! – Exclama entre
irritado e aflito, gesticulando ferozmente em direção ao prefeito. Sob
olhares de censura, joga o foco para a deputada Fátima Bezerra (PT), que
acompanhava Silveira Jr.
-COBREM DA DEPUTADA! EU SÓ CUMPRO A LEI! – Esbravejou.
Conhecido pela postura polêmica com que tratou as eleições
suplementares de Mossoró, Herval Sampaio estava em polvorosa. Como uma
chefe de reportagem ou feitor brandindo o gado, ele tratava de dispersar
quem contrariasse suas ordens. Como não havia ninguém disposto a
enfrentar a comitiva de policiais, a palavra do juiz logo tinha força de
imposição, o que lhe fez continuar dando ordens.
Estrela
Se candidato fosse, Herval poderia se apresentar na urna com o nome
de “O Juiz”, nomenclatura que lhe é atribuída seja qual for o lugar em
que chegue. “Lá vem o juiz”, “lá vai o juiz”, “o juiz chegou”, comentam
as pessoas à sua aproximação.
Controverso, despertou amor e ira em Mossoró. “Mas eu não estou me
importando com o que as pessoas acham. Faço cumprir a lei”, diz enquanto
se serve de uma farta coxa de galinha. “Você deu sorte em me pegar no
almoço porque eu não paro”, explicou entre grãos de arroz.
Alvejado nas redes sociais pelos contrariados por sua decisão, teve
sua conduta posta sob suspeita quando imagens suas mostrando grau de
intimidade com o atual prefeito. Morde a coxa de galinha ferozmente
antes de rebater.
“Ninguém apresenta uma denúncia. Quem tem boca diz o que quer. Agora
eu quero ver provarem”, disse escandalizado. “Minha postura imparcial eu
mantenho. Sou amigo de todos os políticos. Não tem essa de suspeição”,
emendou.
Se houve exposição midiática demais? “Não avalio assim. O que eu não
poderia era deixar que se perpetrasse uma ditadura de ilegalidades”,
rebateu tirando outro pedaço de frango. Mastiga rápido e prossegue.
“Respeito a postura de alguns colegas meus, mas esse é meu estilo.
Fiz meu papel. Sempre me dei muito bem com a mídia”, sentencia ele, numa
afirmação sobre a qual não há controvérsia.
do portal noar
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