segunda-feira, 5 de maio de 2014

“Não estou me importando com o que as pessoas acham”, sentencia “O Juiz”

A equipe de oito policiais se ergue imponente. Do meio deles, uma figura pequena gesticula sob um paletó e calças pretas riscadas em giz na vertical. À sua ordem, tal qual Moisés ao abrir o Mar Vermelho, dois policiais no abre-alas se afastam, revelando um Herval Sampaio que derrete sob o sol.
Avançando como a aurora, logo bota ordem no Colégio Eliseu Viana, onde votam os principais candidatos da disputa mossoroense.
Herval Sampaio determina a retirada de pessoas que não votam no colégio eleitoral (Foto: Alberto Leandro)
Herval Sampaio está acompanhando in loco a eleição suplementar em Mossoró (Foto: Alberto Leandro)
- Quem não vota aqui sai. – Berra entre os altos policiais, como para compensar sua baixa estatura. Os decibéis do magistrado se elevam ainda mais quando ele registra que o prefeito interino Silveira Júnior parou para dar entrevista.
- DENTRO DO COLÉGIO NÃO. ENTREVISTA SÓ LÁ FORA! – Exclama entre irritado e aflito, gesticulando ferozmente em direção ao prefeito. Sob olhares de censura, joga o foco para a deputada Fátima Bezerra (PT), que acompanhava Silveira Jr.
-COBREM DA DEPUTADA! EU SÓ CUMPRO A LEI! – Esbravejou.
Conhecido pela postura polêmica com que tratou as eleições suplementares de Mossoró, Herval Sampaio estava em polvorosa. Como uma chefe de reportagem ou feitor brandindo o gado, ele tratava de dispersar quem contrariasse suas ordens. Como não havia ninguém disposto a enfrentar a comitiva de policiais, a palavra do juiz logo tinha força de imposição, o que lhe fez continuar dando ordens.
Estrela
Se candidato fosse, Herval poderia se apresentar na urna com o nome de “O Juiz”, nomenclatura que lhe é atribuída seja qual for o lugar em que chegue. “Lá vem o juiz”, “lá vai o juiz”, “o juiz chegou”, comentam as pessoas à sua aproximação.
Controverso, despertou amor e ira em Mossoró. “Mas eu não estou me importando com o que as pessoas acham. Faço cumprir a lei”, diz enquanto se serve de uma farta coxa de galinha. “Você deu sorte em me pegar no almoço porque eu não paro”, explicou entre grãos de arroz.
Alvejado nas redes sociais pelos contrariados por sua decisão, teve sua conduta posta sob suspeita quando imagens suas mostrando grau de intimidade com o atual prefeito. Morde a coxa de galinha ferozmente antes de rebater.
“Ninguém apresenta uma denúncia. Quem tem boca diz o que quer. Agora eu quero ver provarem”, disse escandalizado. “Minha postura imparcial eu mantenho. Sou amigo de todos os políticos. Não tem essa de suspeição”, emendou.
Se houve exposição midiática demais? “Não avalio assim. O que eu não poderia era deixar que se perpetrasse uma ditadura de ilegalidades”, rebateu tirando outro pedaço de frango. Mastiga rápido e prossegue.
“Respeito a postura de alguns colegas meus, mas esse é meu estilo. Fiz meu papel. Sempre me dei muito bem com a mídia”, sentencia ele, numa afirmação sobre a qual não há controvérsia.

do portal noar

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