sexta-feira, 30 de maio de 2014

Após sete meses, infidelidade de Betinho entra na pauta de julgamento do TSE

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pautou para a sessão de hoje (29) o julgamento sobre infidelidade partidária contra o deputado federal Carlos Alberto de Sousa Rosado, conhecido como Betinho Rosado, que trocou o Democratas pelo Partido Progressista (PP) sem autorização do presidente nacional do DEM, o senador José Agripino. Por isso, inclusive, o parlamentar potiguar, se julgado, deverá perder o cargo na Câmara Federal. Logo ele que tem futuro incerto caso a cunhada, a atual governadora do RN, Rosalba Ciarlini, não seja candidata a reeleição.
O processo de infidelidade partidária está nas mãos do ministro João Otávio de Noronha. E o “deverá perder o mandato”, do paragrafo anterior, se baseia no fato de que, em processos anteriores, a Justiça Eleitoral se posicionou pela punição aos que trocam uma sigla por outra, principalmente, quando não tem a autorização da primeira para isso, como é o caso de Betinho Rosado. Além disso, o potiguar também tem parecer contrário da Procuradoria Eleitoral, o que reduz ainda mais as chances de vitória no Tribunal.
É importante lembrar que o julgamento de Betinho Rosado acontece sete meses depois do Democratas entrar com o pedido de perda do mandato por infidelidade partidária. Afinal, a petição inicial do processo foi protocolada no dia 16 de outubro, precisamente às 17h51, conforme consta no registro do processo disponível no TSE.
Mesmo assim, o fato da matéria está sendo levada a julgamento antes das eleições de 2014 é algo inesperado, porque alguns especialistas em direito acreditavam que a máxima corte eleitoral brasileira não teria condição de votar a matéria antes do pleito, uma vez que em ano eleitoral, o TSE se dedica, quase que exclusivamente, a julgar matérias relacionadas ao registro de candidatura.
“Se você me perguntar se isso deve ser julgado, eu acho que deveria sim ser julgado até as eleições. Mas se vai ser, acredito que seja muito difícil”, analisou o advogado Fábio Hollanda, ex-juiz do Tribunal Superior Eleitoral (TRE), ouvido pelo portalnoar.com no final do ano passado, quando Betinho Rosado já tinha dois meses de infidelidade partidária e afirmava que a saída dele do DEM, mesmo sem a autorização para tal, havia sido um “risco calculado”. “O único caso que eu conheço de desfiliação partidária, demorou mais de dois anos para ser julgado. Acredito que não deverá ser julgado, a menos que tenha uma atenção especial para isso”, acrescentou Hollanda.
E por que Betinho trocou o DEM pelo PP? Segundo ele, porque estava sendo discriminado na sigla de José Agripino – a Justiça Eleitoral só considera causa justa para a desfiliação quatro itens: incorporação ou fusão do partido, criação de novo partido, mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário ou uma grave discriminação pessoal.
Para exemplificar essa compreensão a discriminação, Betinho citou o que ocorreu na eleição de 2010, quando todos os recursos do partido foram direcionados para a candidatura de Felipe Maia, filho de Agripino. O que sobrou, foi para Rogério Marinho, que nem do DEM é. É do PSDB. Nada sobrou para Betinho, que fez uma campanha quase que sozinho, nas palavras dele. “Na minha visão, a fidelidade acontece em duas mãos, o partido é fiel com o seu filiado, e ele é fiel ao partido. O partido do Democratas não me ajudou quando eu precisei e espero que isso seja reconhecido na justiça”, declarou.
Mesmo assim, Betinho foi eleito pelo DEM, mas não assumiu o mandato. Foi ser secretário de Agricultura na gestão da cunhada, Rosalba, a única governadora do DEM no País. No final de 2012, deixou o Governo e decidiu reassumir o mandato na Câmara, tirando de lá o suplemente, Rogério Marinho. Depois, pediu a desfiliação partidária, não dada pelo senador José Agripino.
Betinho não quis saber da negativa e, mesmo sem ela, deixou o DEM. Foi para o PP, onde assumiu a presidência do partido e arranjou um problema com outro grupo político do RN: o da família Motta – o vereador Rafael Motta era presidente da sigla no RN e havia trabalhado por meses para regularizar o partido e receber uma série e deputados estaduais, entre eles, o presidente da Assembleia, Ricardo Motta.
Presente e futuro
O deputado federal, então, seguiu o mandato, se destacando como um dos parlamentares que mais utilizaram recursos públicos da cota indenizatória da Câmara Federal e, agora, já perto da nova eleição, espera que o DEM libere Rosalba Ciarlini para ser candidata a reeleição (o que não deve acontecer, uma vez que Agripino já antecipou que apoiará Henrique Eduardo Alves, do PMDB). Se isso não acontecer, Betinho Rosado corre o risco de ficar isolado no PP e não conseguir coeficiente eleitoral suficiente para se reeleger, uma vez que a aliança peemedebista conta com a presença do PROS (nova sigla da família Motta) e de outras siglas, que vetam a presença dele no grupo.

do portal noar

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