No rastro da compra escandalosa da refinaria de Pasadena, no Texas, EUA, sinônimo de prejuízo de 1 bilhão de dólares para o Brasil, as notícias sobre corrupção na Petrobras se alastram a uma velocidade surpreendente. Na semana passada, o Senado aprovou a realização de uma CPI. Nesta semana, a Câmara definirá se também aprova a CPI, gerando, em caso afirmativo, uma CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Investigação – para investigar todos os rumores. O cerco à Petrobras está sendo feito em vários segmentos de fiscalização. Além da CPI, órgãos de controle como o Tribunal de Contas da União (TCU) também se debruçam sobre o caso. Auditores do TCU apuram indícios de aumento artificial do preço da refinaria da Pasadena.
Em meio às denúncias, surge o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves. Ele é apontado pelo ex-ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff, deputado federal Mario Negromonte (PP-BA), como tendo ascendência política sobre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro. A PF investiga se ele receberia propina para repassá-la a um consórcio de partidos, liderados pelo PMDB.
Segundo a revista, Paulo Roberto Costa foi indicado para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras pelo PP, mas “passou a prestar serviços para senadores peemedebistas e deputados do PT”. “Essa turma tentou mantê-lo no cargo, mas foi derrotado por Graça Foster, que chegou a dizer, em reservado, que ele se ‘locupletava’ no cargo”, afirma a revista.
Paulo Roberto Costa é apontado como epicentro de um esquema gigantesco de corrupção, cujas propinas variavam à casa de bilhões de reais. Além de participar da compra de Pasadena, o ex-diretor da Petrobras foi protagonista do projeto de construção da refinaria de Abreu e Lima, cujo orçamento saltou de R$ 2,5 bilhões para R$ 20 bilhões com a saída da venezuelana PDVSA. A saída da petrolífera estrangeira do negócio gerou a suspeita de superfaturamento e a entrada da Polícia Federal em ação, que passou a investigar o caso.
As suspeitas são de que centenas de milhões de reais da Petrobras tenham sido desviados dos cofres da maior empresa nacional, fato que tem gerado a abertura de outros inquéritos pela PF. Outro negócio da Petrobras que está sob a mira da PF são as negociações da refinaria de San Lourenzo, na Argentina. A Petrobras vendeu a planta por 110 milhões de dólares.
Segundo denúncia do lobista e ex-dirigente da estadual João Augusto Henriques, ligado ao PMDB, do total de R$ 110 milhões da transação, R$ 10 milhões iriam para os intermediários sob a forma de propina, que repassariam, ao menor, R$ 5 milhões a deputados do partido. É nesse contexto que surge o doleiro Alberto Youssef. Ele é suspeito de atuar como operador financeiro e registrou na planilha uma comissão de R$ 7,9 milhões que segundo a PF teria sido paga pela empreiteira Camargo Correia, que é uma das responsáveis pela construção da refinaria Abreu e Lima.
Toda essa história provoca calafrios em políticos graúdos. Até o fechamento desta edição, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, não havia se manifestado sobre a citação ao seu nome.

ENTREVISTA
Ex-ministro das Cidades no governo Dilma, o deputado Mário Negromonte (PP-BA) conta que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela PF, era um homem acima de qualquer suspeita. Cordial, ele frequentava, em Brasília, a casa de líderes do PP, o partido responsável por sua indicação. Atencioso, ouvia relatos dos “problemas” de a alguns parlamentares. Prestativo, estava sempre “disponível”. Essa combinação de virtudes fazia do ex-diretor uma figura especial, cortejada…
do portal JH
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