sexta-feira, 18 de abril de 2014

Vereadores entram com ação inesperada para Wilma assumir Prefeitura ou renunciar

Pegou muita gente de surpresa o comunicado feito na tarde desta quarta-feira, na Câmara Municipal de Natal, sobre a viagem do prefeito Carlos Eduardo Alves, do PDT, para a Espanha. Com duração de 12 dias, a mensagem não trouxe qualquer informação sobre quem vai assumir a chefia do Executivo durante a excursão, “a trabalho”, de Carlos Eduardo. Fato que motivou uma ação que vereadores deverão ingressar na tarde de hoje na Justiça Comum pedindo que a vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, do PSB, se manifeste sobre o caso.
Isso porque, para alguns vereadores (notadamente os de oposição a administração municipal), a atitude do presidente da Câmara Municipal de Natal, Albert Dickson, do PROS, foi omissa. Isso porque, ao ler a mensagem do prefeito comunicando a viagem de 12 dias, Albert não se pronunciou sobre quem assumirá o cargo. Inclusive, foi até questionado sobre isso pelo vereador Maurício Gurgel: “quem assume é o senhor ou Wilma?” Albert riu, baixou a cabeça e não respondeu.
“O imbróglio jurídico se baseia no artigo 50, parágrafo único, da Lei Orgânica do município. Em municípios maiores, como São Paulo, há um prazo mínimo, tipo: o vice-prefeito assume se o prefeito se afastar por mais de 10 dias. Aqui não existe isso. Fala só em afastamento. Ou seja: se o prefeito se afastar, qualquer afastamento, mesmo que só de um dia, já é o vice que assume”, explicou o advogado Pablo Pinto, que deve ingressar com uma ação na justiça comum pedindo que Wilma assuma ou renuncie ao mandato.
Vale lembrar que, apesar de ser direcionada para a vice-prefeita, a ação será extensiva, também, para o presidente da Câmara Municipal de Natal, Albert Dickson. Ele terá que assumir a Prefeitura de Natal, renunciar ou se afastar do cargo de presidente. “Na verdade, houve uma omissão do presidente da Câmara, porque ao ler a mensagem do prefeito, ele deveria ter comunicado que a vice-prefeita assumiria ou então ela tivesse mandado uma mensagem, também, dizendo que não assumiria, porque é candidata”, analisou Pablo Pinto.
Além de Wilma de Faria e Albert Dickson, que são candidatos e, dessa forma, não poderiam assumir porque cairiam na Lei número 64 (Lei da Inelegibilidade), também estaria impossibilitado de chegar a chefia do Executivo o primeiro vice-presidente, o vereador Júlio Protásio, do PSB e líder da bancada do prefeito na Câmara. Ele, porém, passou por uma cirurgia e está 20 dias afastado do trabalho parlamentar, o que o tornaria incapaz, também, de trabalhar pelo Executivo. Portanto, o cargo sobraria para o primeiro secretário, Dickson Júnior, do PSDB.
“O que a ação que os vereadores Fernando Lucena (PT) e Maurício Gurgel estão ingressando na Justiça comum é, apenas, pedindo uma definição sobre quem ficará na Prefeitura de Natal durante esse período da viagem de Carlos Eduardo. A cadeira não pode ficar vaga. Temos tem greves acontecendo e a cidade não pode ficar sem um chefe no Executivo para responder e, até, negociar com essas categorias”, analisou o advogado.
E, realmente, é verdade. A viagem de Carlos Eduardo para a Espanha, onde passará 12 dias discutindo turismo, acontece quando a cidade está enfrentando três grandes greves: a dos servidores da Saúde (Sindsaúde); da Educação (Sinte) e de outras secretarias, ligadas ao Sinsenat. O prefeito, também, viajou mediante um sério desgaste com o funcionalismo público por ter anunciado que deverá aumentar em, apenas, 2% o salário dos servidores de carreira.
Por outro lado, é importante lembrar que, apesar dessa análise do advogado Pablo Pinto, a Prefeitura de Natal, por meio da assessoria de comunicação, afirmou que não seria necessário que ninguém assumisse o cargo. Isso porque, apesar do prefeito passar 12 dias viajando e longe da cadeira dele no Palácio Felipe Camarão, serão apenas quatro dias úteis nesse período e sete dias “não úteis”. O prefeito Carlos Eduardo retorna a Natal no dia 27.
Lucena: “Wilma hoje é a prefeita e está inelegível”
Se na ação ingressada pelo advogado Pablo Pinto é pedida a explicação sobre quem é o chefe do Executivo, para o vereador do PT, Fernando Lucena, a situação está muito clara. “Wilma de Faria, hoje, é a prefeita de Natal e está inelegível”, decretou o parlamentar, acrescentando que, por isso, vai pedir a inelegibilidade dela porque Wilma teria desrespeitado o prazo de desincompatibilização.
Segundo Fernando Lucena, não há a necessidade de uma oficialização de que Wilma está no cargo. Na verdade, tendo o prefeito se afastado, ela já fica, automaticamente, respondendo pela Prefeitura de Natal. “É automático. Quando o prefeito se afasta por algum motivo, o vice assume e é ela quem está no cargo, portanto, está inelegível”, concluiu o petista.
Wilma de Faria só não estaria no cargo, segundo ele, se tivesse, junto com o comunicado do prefeito, dito que não assumiria porque, também, estaria viajando, o que não ocorreu. “Wilma teria que ter enviado uma mensagem dizendo que também estaria fora, o que forçaria Albert Dickson a também se pronunciar sobre isso. Como não houve pronunciamento, hoje a prefeita de Natal é ela”, ressaltou.
Para fundamentar tudo o que disse, Fernando Lucena usou o caso de 2012, quando a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, foi afastada do cargo por decisão da Justiça. Naquela época, o então vice-prefeito, Paulinho Freire, assumiu o cargo automaticamente, mas como foi eleito vereador, teve que renunciar, sendo substituído por Edivan Martins, que também abriu mão do cargo e o Executivo acabou caindo no colo do, agora, ex-vereador Ney Lopes Júnior.
“A situação é, exatamente, a mesma. Não tem diferença. Em alguns casos, há uma cerimônia de posse, mas isso não é obrigatório. Quando Dilma (Rousseff, presidente da República) viajou, por exemplo, a presidência ficou com Henrique (Eduardo Alves, presidente da Câmara) e o cargo foi passado no aeroporto”, analisou Lucena.

do portal JH

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