O uso e abuso de dinheiros e outros recursos públicos, por políticos, no Brasil, não é exceção. Trata-se de regra.
Utilizar aeronaves/passagens aéreas
pagas pelo contribuinte em favor próprio, de familiares e amigos, é da
natureza dessa gente. Para não passar despercebido e cair no
esquecimento, vamos relembrar o caso mais rumoroso e aberrante que se
registrou nos últimos anos.
A chamada Grande Imprensa denominou-a de a “Farra das passagens aéreas”.
Integrantes
do Senado e da Câmara Federal usaram indevidamente franquia de passagem
aérea para turismo e benefício de parentes e amigos. Houve até quem
vendesse passagens.
A então senadora Rosalba Ciarlini (DEM) –
hoje governadora do Rio Grande do Norte – foi destaque na cobertura,
com o recorde “de 240 viagens em menos de 300 dias -quase uma passagem
por dia. Mais da metade dos bilhetes (124) foi emitida em nome de
membros das famílias Ciarlini e Rosado”, lembrou a Folha de São Paulo no
dia 7 de agosto de 2009 (veja reportagem completa AQUI).
Destacou ainda, que “Rosalba custeou
(com dinheiro público) passagens e hospedagens em viagens nacionais e ao
exterior para ela, parentes e amigos”.
Veja abaixo a reportagem na íntegra.
Perceba como esse país parece sem jeito. Quase quatro anos depois desse
escândalo, a farra não para e ninguém é punido, além do próprio povo.
Leonardo Souza (Folha de São Paulo, Sucursal de Brasília)
Suplente do Conselho de Ética do Senado,
Rosalba Ciarlini (DEM-RN) usou verba pública para pagar viagens de
turismo para ela, marido, filhos, além de outros parentes, amigos, o
advogado e a mulher do advogado, no país e no exterior. Custeou
passagens e, em alguns casos, até estada em hotéis.
Em seu primeiro mandato, ela bancou
essas despesas com recursos de sua cota aérea, criada para permitir o
deslocamento de congressistas no exercício da atividade parlamentar. O
ato do Senado que regulamenta a concessão das passagens não prevê o uso
da cota para pagamento de hotel.
A Folha obteve mais de 320 páginas de
cartões de embarque e comprovantes de passagens e hospedagem descontadas
da cota da senadora de maio de 2007 a fevereiro de 2008, somando cerca
de R$ 160 mil. Foram mais de 240 viagens em menos de 300 dias -quase uma
passagem por dia. Mais da metade dos bilhetes (124) foi emitida em nome
de membros das famílias Ciarlini e Rosado (sobrenome de seu marido,
Carlos Augusto).
Rosalba é o primeiro caso detalhado no
Senado de descontrole no uso da cota aérea a vir a público. Em abril,
foram dezenas de exemplos na Câmara, no escândalo conhecido como a
“farra das passagens”.
A senadora financiou, por exemplo, a vinda de sua filha Karla e do genro alemão Jan Nabendahl de Frankfurt para Natal, em novembro de 2007, ao custo de R$ 5.813. Presenteou outro membro da família, Luana Rosado, e uma pessoa chamada Tricia Maia com uma viagem para Lisboa, Barcelona e Paris, no valor de R$ 7.457.
Em 29 de fevereiro de 2008, Rosalba
viajou para Estrasburgo, cidade turística francesa, onde passou duas
semanas. Os bilhetes custaram R$ 3.376. No requerimento para se ausentar
do país, ela só informou atividades de interesse parlamentar entre 4 e 8
de março.
Ela custeou também a hospedagem de seu
filho Carlos Eduardo no Marina Park Fortaleza em junho de 2007. Nos dias
19 e 20 de julho, em pleno recesso, pagou a estada dela, do marido, do
filho, do advogado Paulo Fernandes e da mulher dele, Olindia Fernandes,
no Gran Meliá Mofarrej. A conta somou R$ 2.212,70.
Rosalba é cria política do líder do DEM
no Senado, o também potiguar José Agripino Maia, e está em primeiro
lugar na corrida para o governo do Rio Grande do Norte, em 2010, de
acordo com pesquisas encomendadas por seu partido.
Apesar de dizer que não se recorda de
todos os voos e gastos citados pela Folha, ela confirmou que usou sua
cota para pagar passagens e estada para parentes, amigos e o advogado.
“Antes, [a cota] era vista mais como uma
complementação que era de uso do parlamentar, que ele podia usar para o
deslocamento seu, do cônjuge, de dependentes ou de pessoas que achasse
que era conveniente.”
Questionada se não sabia que é irregular o pagamento de hospedagem e passagens para parentes e amigos em situações sem relação com a atividade parlamentar, respondeu: “Eu cheguei aqui, senadora nova, a orientação era essa”.
Até maio, o ato que regulamentava o uso
da cota previa cinco bilhetes de ida e volta por mês para cada
congressista, tendo como referência trechos (com tarifa cheia) que
passam por Brasília, Rio e a capital do Estado do congressista. Por essa
regra, a verba mensal de Rosalba era de cerca de R$ 22.400. O ato
permitia acúmulo de recursos não usados, mas não abria a possibilidade
para gastos com hospedagem nem custeio de viagens de turismo.
Em abril, após a revelação de gastos
considerados abusivos no Congresso, a Mesa editou novo ato
regulamentando o uso da cota. Foram criadas restrições, mas não foi
aberta a hipótese de usar com estada.
A Diretoria Geral informou que o
contrato com a empresa encarregada de gerir as despesas aéreas dos
senadores, a Sphaera Turismo, prevê a prestação de outros serviços
afins. Contudo, a própria Diretoria Geral confirmou que o novo ato não
prevê o uso da cota para pagamento de hospedagem.
do blog carlos santos
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