sexta-feira, 7 de junho de 2013

Empresário sonegador doou R$ 2 milhões ‘por fora’ para eleição de Cláudia Regina

Ninguém, além do partido Democratas, doou tantos recursos para a campanha da prefeita Cláudia Regina quanto o empresário mossoroense Edvaldo Fagundes de Albuquerque. Ninguém, também, fez tantas doações para essa mesma campanha de forma irregular, segundo o Ministério Público Eleitoral, como o mesmo Edvaldo Fagundes. E ninguém, na história recente da Justiça Federal do Rio Grande do Norte, teve um valor tão alto em bens declarados indisponíveis por sonegação fiscal quanto o grupo (Líder) de empresas geridas por Edvaldo Fagundes: mais de R$ 212 milhões.
Cerca de 1,5% desse valor, ou melhor, aproximadamente R$ 3 milhões, poderia representar a quantia que Edvaldo Fagundes doou para Cláudia Regina. Contudo, cerca de R$ 2,5 milhões não apareceram na prestação de contas da democrata, porque para o MPE foram doados de forma irregular, “por fora”. Foi helicóptero, caminhonetes Hilux, sistemas de som, mão de obra, combustíveis e, claro, dinheiro, que viabilizaram a candidatura do DEM e permitiram uma das maiores viradas políticas que Mossoró já viu – quando a favorita, Larissa Rosado, do PSB, acabou sendo ultrapassada por Cláudia Regina após ficar quase um ano como líder nas pesquisas.
Do total que o MPE afirmou que Edvaldo Fagundes teria doado irregularmente à campanha de Cláudia Regina estão, aproximadamente, R$ 1,2 milhão provenientes da utilização do helicóptero de uma das empresas do Grupo Líder. A aeronave sobrevoou a cidade de Mossoró adesivada com as cores e o número de campanha da candidata e, ainda, soltou uma fumaça alaranjada, “a mesma coloração utilizada para identificar os representados”, conforme ressaltou a promotora eleitoral autora da ação do MPE, Ana Ximenes.
Para chegar a esse valor, o Ministério Público Eleitoral considerou os números pagos para o aluguel de aeronaves semelhantes por empresas especializadas no assunto. “É igualmente público e notório que o aluguel de helicóptero é um contrato dispendioso”, destacou a promotora, acrescentando que esse cálculo não é totalmente exato devido ao “desconhecimento acerca da quantidade precisa de dias e horas de vôo decorre exclusivamente da inconcebível omissão dos representados de sequer mencionar a utilização do helicóptero na campanha eleitoral em sua prestação de contas”.
“A única explicação para tamanha inverdade (na prestação de contas) é o fato de que admitir a utilização do helicóptero implicaria numa hiper majoração do valor das despesas irregulares apto a acarretar a rejeição das contas pela Justiça Eleitoral, vez que o gasto com equipamentos como esse, conforme já demonstramos, atinge percentual de comprometimento da regularidade das contas que é inadmissível pela jurisprudência eleitoral”, analisou a promotora. “Ou seja, diante de despesa vultosa não declarada pelos representados em sua prestação de contas, não há outro caminho senão considerar a ilicitude da prestação de contas dos representados”.
CAMINHONETES
Contudo, se o helicóptero não era suficiente para fazer com que o eleitor se lembrasse, a todo momento que a aeronave sobrevoava a cidade, da candidata Cláudia Regina, havia outra estratégia viabilizada por Edvaldo Fagundes: as caminhonetes acopladas a um sistema de som moderno e potente. O empresário mossoroense teria declarado que doou (durante o período eleitoral) 20 Hilux. Quanto custou essa doação? Meros R$ 40 mil (ou seja, R$ 1 mil por mês para cada uma de aluguel). Com esses valores,  foi flagrante, para o MPE, a irregularidade.
“Tal estimativa é totalmente descabida e inverídica”, afirmou a promotora Ana Ximenes, acrescentando que “fazendo um paralelo entre tais gastos, referentes a locação de veículos, a empresa Henrique Lage Salineira do Nordeste teria um gasto na doação, que deveria ser informado no contrato, em valor, aproximadamente, 30 vezes maior!”
Segundo os cálculos feitos pelo MPE, esse número também chegaria a casa do milhão de reais. “Tem-se a omissão quanto os gastos da doação da referida empresa, como a locação de helicóptero, combustível, adesivagem, bem como dos motoristas dos aludidos veículos e sua manutenção ultrapassaria o limite de gastos estipulado, gerando, assim, abuso de poder econômico”, analisou a promotora.

veja a reportagem completa -  http://jornaldehoje.com.br/empresario-sonegador-doou-r-2-milhoes-por-fora-para-eleicao-de-claudia-regina/

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