da Agência Brasil
Brasília – Dirigentes de entidades representativas dos policiais
federais e do Ministério Público Federal criticaram hoje (24) a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) 37, por considerarem que ela não ajuda
em nada nas investigações. A PEC 37 é defendida pelos delegados “que não
investigam”, dizem os críticos da proposta.
“Estamos aqui para marcar, mais uma vez, a posição de parceria [entre
policiais federais e representantes do Ministério Público] de repúdio à
PEC 37. Ela não agrega nenhuma vantagem à investigação criminal e em
nada beneficia a população e não melhora em nada a percepção criminal”,
disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Distrito
Federal, Flávio Werneck.
Diferentemente dos delegados da Polícia Federal que defendem a
proposta, os agentes da corporação consideram a PEC prejudicial às
investigações e ao país. “Essa PEC é nefasta à democracia plena do país.
Ela subordina as investigações ao Executivo federal e aos executivos
estaduais, na medida em que a Polícia Civil é subordinada aos governos
estaduais e a Federal à União”, ressaltou Werneck.
Para o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais,
Jones Borges Leal, a sociedade só perde com a aprovação da proposta.
“Seria um absurdo perdermos o poder de investigação do Ministério
Público Federal”, disse Leal. Segundo ele, a federação fez uma enquete
com todos os sindicalizados, cerca de 15 mil, e 99% rejeitaram a
proposta. “Os delegados estão brigando por uma coisa que eles não fazem,
que é investigar. Quem investiga é o policial, o escrivão e
papiloscopista”, enfatizou Leal.
O presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República,
Alexandre Camanho, lembrou que as manifestações populares das últimas
semanas demonstraram contrariedade com a possibilidade de aprovação da
PEC 37. “O povo fez o funeral da PEC com as manifestações. Agora,
queremos que a Câmara sepulte de vez a proposta. O MP está dizendo que
não concorda com a PEC.”
A votação da proposta na Câmara dos Deputados estava prevista para o
próximo dia 26, mas, como não houve acordo entre defensores e os
críticos da proposta, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves
(PMDB-RN), adiou a votação.
Na entrevista coletiva que concederam hoje, dirigentes de entidades
dos policiais federais e do Ministério Público defenderam a votação e a
rejeição imediatas da PEC 37 pelos deputados.
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