sábado, 22 de junho de 2013

Cláudia é cassada pela Justiça Eleitoral por abuso de poder político, econômico e de mídia

O juiz da 33ª Zona Eleitoral Herval Sampaio Júnior cassou os registros de candidatura da prefeita Cláudia Regina (DEM) e do vice-prefeito Wellington Filho (PMDB) acatando os argumentos de abuso de poder econômico, político e midiático.
A decisão resulta de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) movida pela coligação Frente Popular Mossoró Mais Feliz.
A ação se dividiu em três fases: 1) Abuso de poder político e econômico através do uso da estrutura do Governo do Estado; 2) aparato funcional, financeiro e administrativo da Prefeitura de Mossoró; 3) Abuso de poder midiático.
No primeiro item foram analisados a nomeação da advogada Rafaela Dantas para cargo comissionado no Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Ela é filha do ex-vereador Chico da Prefeitura (DEM). Na época existia a possibilidade de ele apoiar a então candidata Larissa Rosado (PSB). A nomeação foi considerada decisiva para a escolha. Outra questão foram as idas e vindas do avião do Governo do Estado a Mossoró. Foram muitas viagens feitas pela governadora Rosalba Ciarlini a Mossoró. Outro aspecto foi a ida do jornalista Neto Queiroz para assessoria de comunicação do Governo do Estado. Ele é professor efetivo do Estado e foi cedido para o órgão. Como se sabe, durante todo o pleito ele esteve a serviço da campanha de Cláudia Regina. O quarto item diz respeito ao uso abusivo da condição de governadora por parte de Rosalba Ciarlini. Houve o entendimento de que a governadora fez propaganda de forma ilícita em favor da hoje prefeita.
No segundo capítulo da AIJE, o primeiro item foi flagrante feito por servidores da Justiça Eleitoral dentro da casa do engenheiro Nilton Rego, um dos diretores do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem (DER). As imagens mostram o então chefe de gabinete (atual secretário de Cultura) Gustavo Rosado cobrando mais empenho da militância formada por servidores municipais que deveriam estar trabalhando naquele horário. Nas imagens ele anuncia que Cláudia Regina está prestes a chegar. O segundo item é o uso de servidores municipais para a elaboração do plano de governo. O terceiro é a utilização do servidor municipal Flussier Galdino para protocolar petições na Justiça Eleitoral antes de ele se licenciar de suas funções. Para quem não lembra, Flussier já trabalhou na Justiça Eleitoral. O quarto foi a demissão de comissionados que teriam declarado apoio a Larissa Rosado. O quinto foram as propostas da candidata do DEM que logo se tornavam fato concreto pela então prefeita Fafá Rosado. O sexto item foi a distribuição de fardamento para quem trabalhou na edição 2012 do Mossoró Cidade Junina. Tudo na cor laranja, a mesma de Cláudia Regina. O sétimo capítulo foi o uso de placas com publicidade institucionais espalhadas pela prefeitura durante a campanha eleitoral. Neste caso o próprio Herval chegou a absolver a prefeita Fafá de multa, mas a decisão foi reformada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Na sentença publicada ontem' ele reconhece que se equivocou após tomar conhecimento das provas da AIJE.
O terceiro e último capítulo da AIJE diz respeito ao abuso de poder midiático. Na ação é enfocado que os três jornais e vários blogs que apoiam abertamente o DEM em Mossoró sempre associavam de forma exagerada Cláudia às ações da prefeitura. No terceiro item também foi mostrado que a TCM e as rádios Difusora, 95 FM e RPC.
Para Herval Sampaio Júnior a maioria dos argumentos expostos comprovou desequilíbrio do pleito em favor de Cláudia Regina. "Destarte, julgo procedente a presente ação de investigação judicial eleitoral por entender que a maioria dos fatos aqui trazidos e devidamente analisados em cotejo com a defesa foram ilícitos, configurando-se o abuso de poder nas formas explicitadas, beneficiando indiscutivelmente os investigados e desigualando a necessária isonomia entre todos os candidatos. Logo, a declaração/decretação de inelegibilidade dos investigados pelo período legal e a cassação de seus mandatos é o corolário de tudo aqui deduzido", concluiu.
Juiz do TRE/RN suspende continuidade de processo
Horas depois da sentença de Herval Sampaio Júnior, o juiz do TRE/RN Carlo Virgílio, atendendo a pedido da defesa de Cláudia Regina, decidiu suspender o andamento do processo.
É que os advogados da prefeita cassada alegam haver suspeição na decisão de Herval Sampaio. O motivo: ele teria antecipado a decisão de ontem.
Conforme a reportagem do O Mossoroense constatou ao ver o teor da sentença de Carlo Virgílio, a decisão de Herval Sampaio não foi invalidada nem suspensa. Conforme conversa com servidores do Tribunal Regional Eleitoral, a explicação é de que a decisão de Herval está valendo.
No entanto, até que o pedido de suspeição seja analisado pela corte eleitoral o processo está paralisado. Resumindo: nada acontece (leia-se abertura de prazos para recursos) até que o TRE se pronuncie. Se os magistrados entenderem que há suspeição a decisão é anulada. Se concluírem que não, será aberto o prazo para os recursos.
A conclusão de Carlo Virgílio foi a seguinte: "Nesse diapasão, recebo a presente exceção, impondo a suspensão do processo principal, até julgamento da exceção por esta Corte, devendo-se comunicar ao Juízo de primeiro grau. Em seguida, remetam-se os autos à Procuradoria Regional Eleitoral para parecer".
Prefeita diz estar tranquila e advogado comemora
A reportagem do O Mossoroense fez contato com a assessoria de comunicação da prefeita cassada Cláudia Regina para saber a opinião dela sobre a decisão da Justiça Eleitoral.
O secretário de Comunicação Julierme Torres informou que o assunto está a cargo da assessoria jurídica de Cláudia.
Mesmo assim, ele disse que ela recebeu a sentença com traquilidade e seguiu com agenda normal durante todo o dia de ontem.
Já o advogado da coligação Frente Popular Mossoró Mais Feliz, Marcos Araújo, afirmou que a sentença de Herval era esperada. "Foi público e notório o uso abusivo da máquina pública", destacou.

de o mossoroense

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