Por: Aristóteles Drummond
No Brasil que
vivemos, os valores andam invertidos, a sociedade, como que anestesiada, vai
aceitando a queda na qualidade dos padrões éticos e morais. A coerência é
ignorada e a impunidade, aceita como característica nacional.
Os três poderes da
República perdem a categoria, a austeridade, a dignidade, que deveriam de ser
as bases da construção de uma verdadeira democracia. A presidenta não foi
atingida por nenhum questionamento de ordem pessoal, o que vem segurando o
clima de paz, diferente do caso argentino, em que o enriquecimento da
presidenta e de seus familiares é fato do conhecimento público.
Falta respeito ao
próximo, mais ainda tolerância com os contrários e um mínimo de esforço pela
união de todos os brasileiros. Existe na verdade um movimento para dividir os
brasileiros, por classes, raças e até por opção religiosa. Um pacto implícito
faz com que a maioria silenciosa não seja ouvida, tendo de aceitar uma escalada
de revanchismo e impunidade, além de assistir ao tratamento da economia e do
social sob uma visão ideológica e não lógica.
O chamado
“mensalão” que prendeu a atenção da população durante quatro meses de
julgamento, decorridos seis meses, está inconcluso e, a essa altura, poucos
acreditam no respeito ao que foi decidido pela mais alta corte do país, para
cujas decisões não deveria caber recursos e muito menos alterações ao que foi
decidido. Mas vivemos num Brasil diferente, que nega asilo e entrega refugiados
de um regime notoriamente policial e cruel. O mesmo país que ignora a decisão
do Judiciário de uma nação amiga e democrática, por motivos de solidariedade
ideológica. Fomos fundamentais para a criação do MERCOSUL e hoje somos
importantes em sua desmoralização, aceitando uma série de aberrações, em que a
suspensão do Paraguai é exemplo chocante. Quem viver verá esta virada do STF
marcar a vida brasileira entre o antes e o depois deste rumoroso processo. A
impunidade vai ter reflexos graves.
A economia é
sensível ao risco político. E ele hoje é presente em todo o mundo, gerando
grande desconfiança nos agentes econômicos. O Brasil, por exemplo, já saiu de
moda e boas notícias são cada vez mais raras nas avaliações de conceituados
analistas do mercado internacional.
A reforma
prioritária parece ser a da educação, da cultura e do respeito às instituições.
Sem uma reforma para valer, vamos cair no desgaste, formando uma sociedade sem
democracia, sem justiça social e sem moral. Um retrocesso lamentável! Demorou
meio século, mas parece que estão conseguindo agora o que quase tiveram há
cinqüenta anos.
Por: Aristóteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da
Associação Comercial do Rio de Janeiro.
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