quinta-feira, 20 de junho de 2013

É o fim!

   Por: Aristóteles Drummond
No Brasil que vivemos, os valores andam invertidos, a sociedade, como que anestesiada, vai aceitando a queda na qualidade dos padrões éticos e morais. A coerência é ignorada e a impunidade, aceita como característica nacional.
Os três poderes da República perdem a categoria, a austeridade, a dignidade, que deveriam de ser as bases da construção de uma verdadeira democracia. A presidenta não foi atingida por nenhum questionamento de ordem pessoal, o que vem segurando o clima de paz, diferente do caso argentino, em que o enriquecimento da presidenta e de seus familiares é fato do conhecimento público.
Falta respeito ao próximo, mais ainda tolerância com os contrários e um mínimo de esforço pela união de todos os brasileiros. Existe na verdade um movimento para dividir os brasileiros, por classes, raças e até por opção religiosa. Um pacto implícito faz com que a maioria silenciosa não seja ouvida, tendo de aceitar uma escalada de revanchismo e impunidade, além de assistir ao tratamento da economia e do social sob uma visão ideológica e não lógica.
O chamado “mensalão” que prendeu a atenção da população durante quatro meses de julgamento, decorridos seis meses, está inconcluso e, a essa altura, poucos acreditam no respeito ao que foi decidido pela mais alta corte do país, para cujas decisões não deveria caber recursos e muito menos alterações ao que foi decidido. Mas vivemos num Brasil diferente, que nega asilo e entrega refugiados de um regime notoriamente policial e cruel. O mesmo país que ignora a decisão do Judiciário de uma nação amiga e democrática, por motivos de solidariedade ideológica. Fomos fundamentais para a criação do MERCOSUL e hoje somos importantes em sua desmoralização, aceitando uma série de aberrações, em que a suspensão do Paraguai é exemplo chocante. Quem viver verá esta virada do STF marcar a vida brasileira entre o antes e o depois deste rumoroso processo. A impunidade vai ter reflexos graves.
A economia é sensível ao risco político. E ele hoje é presente em todo o mundo, gerando grande desconfiança nos agentes econômicos. O Brasil, por exemplo, já saiu de moda e boas notícias são cada vez mais raras nas avaliações de conceituados analistas do mercado internacional.
A reforma prioritária parece ser a da educação, da cultura e do respeito às instituições. Sem uma reforma para valer, vamos cair no desgaste, formando uma sociedade sem democracia, sem justiça social e sem moral. Um retrocesso lamentável! Demorou meio século, mas parece que estão conseguindo agora o que quase tiveram há cinqüenta anos.

Por: Aristóteles Drummond, jornalista, é vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.

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