O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB),
afirmou na manhã desta segunda-feira, em Natal, que diante das
manifestações que ocorrem há 15 dias no País, o clima no Congresso
Nacional mudou e seu sentimento agora é que os deputados federais não
aprovarão a Proposta de Emenda Constitucional de nº 037 (a PCE 37),
chamada PEC da Impunidade, que limita os poderes de investigação do
Ministério Público em todo o País. Henrique informou ainda que se reúne
nesta terça e quarta com representantes do MP e delegados de polícia e
irá propor que a votação da PEC aconteça na próxima semana, dia 03, com
ou sem acordo.
“Sobre a PEC, eu converso amanhã e quarta com o Ministério Público e
os delegados. Acordado o texto ou não, vou propor votarmos na próxima
semana. O sentimento hoje que tenho é que a PEC 37 será derrotada. Mudou
o clima”, afirmou o parlamentar, que desde a última sexta-feira se
encontra no Brasil, após uma viagem à Rússia, acompanhando os
desdobramentos das manifestações que incluem, na pauta, além de redução
das tarifas de transportes, mais investimentos em saúde e educação e
também a não aprovação da PEC 37.
Henrique disse que a Câmara dos Deputados queria muito um
entendimento entre o Ministério Público e os delegados. Para tanto, foi
criada uma comissão, com representantes das duas instituições e também
da Câmara dos Deputados. Entretanto, não se chegou a um consenso. O
objetivo, segundo o parlamentar, era evitar que, após a votação,
houvesse a judicialização, com ações nas cortes judiciais. “A Casa
queria muito um entendimento. O Ministério Público e os delegados
juntos, se complementando, em harmonia e eficiência. Que não restassem
recursos ao Judiciário nem tensionamentos”, disse.
Segundo o presidente da Câmara, o País deseja ver, tanto Ministério
Público, quanto os delegados de polícia, atuando conjuntamente, com
regras claras e atribuições bem definidas, “evitando esse mal estar de
hoje”, observou Henrique, salientando que foram dados 30 dias para o
entendimento. “Amanhã vou saber o que construíram. Ou não. A pedido
deles, e acertar com eles e os líderes o dia 3 de julho, quorum alto por
São João, votação e a Câmara afirmar sua posição. O que não se pode é
ficar pairando essa insegurança de todos sobre um tema que está nas
ruas”, declarou.
Antes disso, vale lembrar, o novo procurador-geral de Justiça do RN,
Rinaldo Reis, já havia dado um parecer nada positivo sobre a discussão
da PEC 37. Segundo ele, o MP já havia apresentado uma série de
regulamentações que limitava consideravelmente o trabalho investigativo
do promotor, mas os delegados haviam aceito, praticamente, nada.
“Avançou pouco porque os delegados querem manter o rigor da proposta,
que impossibilita a investigação do MP”, afirmou o promotor na época.
A falta de evolução do debate no grupo de trabalho, por sinal, já
tinha proporcionado uma série de manifestações contrárias a aprovação da
PEC 37. Primeiro, os manifestantes foram meio de “diluídos” dentro da
onda de protestos que ocorreram em todo o Brasil e foi iniciada devido
ao aumento da passagem de ônibus. No final de semana, porém, a PEC foi
protagonista de, pelo menos, duas grandes manifestações no Rio de
Janeiro (com 4 mil pessoas) e em São Paulo (com cerca de 30 mil, segundo
a Polícia Militar).
fonte portal JH
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