Por Fernando Mineiro*
O Relatório Anual das Contas do Governo-2012, elaborado pelo TCE-RN,
mostra que o governo Rosalba não cumpriu os dispositivos legais que
determinam a aplicação de, no mínimo, 25% das receitas resultantes de
impostos e transferências de impostos para a manutenção e
desenvolvimento do ensino.
Na tentativa de burlar a legislação, o governo do DEM maquiou a
prestação de contas para "provar" que aplicou R$1.812.153.738,32 - o que
equivaleria a 30,76% das receitas obrigatórias - na educação durante o
ano de 2012.
Os analistas do TCE-RN perceberam a manobra e descobriram que este
montante só foi alcançado porque se incluiu no cálculo as despesas com
Previdência Básica do pessoal da Educação. De acordo com a legislação
que define, claramente, as normas para o cálculo das despesas com
manutenção e desenvolvimento do ensino, "deverão ser excluídas das
despesas com educação aquelas que envolvam dispêndios com inativos e
pensionistas, cujos gastos serão enquadrados como Previdência". O
Relatório conclusivamente afirma que as "despesas com Previdência Básica
foram incluídas, indevidamente, nos gastos com a manutenção e
desenvolvimento do ensino...".
Refeitas as contas, ficou provado que a maquiagem foi uma manobra pra
esconder que, na verdade, a Secretaria de Educação do Rio Grande do
Norte aplicou menos do que deveria. Subtraindo o que foi acrescido
indevidamente, o governo do DEM aplicou no ano de 2012
R$1.417.156.507,92 na educação, quando deveria ter aplicado, no mínimo,
R$1.472.622.391,34. Ou seja, ao invés de aplicar os 25%, aplicou 24,06%.
Desviou do ensino em todos os níveis R$55.466.883,42 para outras áreas.
O mais grave é que esta mesma manipulação dos números foi feita
também em relação ao ano de 2011. Naquele ano, o governo Rosalba deixou
de aplicar R$109.948.615,69 para cumprir o percentual mínimo exigido por
lei, segundo se conclui após análise do relatório das contas de 2011. E
usou da mesma manobra pra dizer uma coisa e fazer outra. Naquele ano, o
governo do DEM disse que aplicou 28,8% (R$ 1.505.489.089,85) dos
recursos arrecadados com impostos e transferências. Removida a
maquiagem, se constatou que foram aplicados R$ 1.222.723.801,16 (22,97%)
quando este montante deveria ter sido, no mínimo, R$ 1.330.672.416,85,
equivalente aos 25% obrigatórios.
Somados os valores não aplicados na educação em 2011 e 2012, chega-se
ao montante de R$165.415.499,11 que deveriam, obrigatoriamente, terem
sido destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino, e na sua
melhoria.
A análise completa dos Relatórios do TCE sobre o "Cálculo das
Despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE)" referente ao
ano de 2012 pode ser conferida aqui (das págs. 104 a 110) e a do ano de 2011, aqui (das págs. 68 a 74).
Os Órgãos de controle e fiscalização certamente tomarão as medidas
cabíveis diante desta ilegalidade que, há tantos anos, grandes prejuízos
causam à educação pública do Rio Grande do Norte, e que se repete ano a
ano. Como agravante, as análises das despesas com educação na parcial
do primeiro semestre de 2013 indicam que o governo continua com a mesma
prática dolosa de maquiagem dos dados.
De nossa parte vamos lutar, primeiro para que o governo devolva para a
educação os recursos que foram desviados para outras áreas e, depois,
para que daqui para frente, cumpra com seu dever constitucional de
obedecer à legislação do país. Afinal, isto é o mínimo exigido de
qualquer administração correta e responsável.
*Deputado estadual do PT-RN.
Fonte: http://www.mineiropt.com.br/
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