Ao
analisar documentos da Siemens, empresa integrante do cartel que drenou
recursos do Metrô e trens de São Paulo, o Cade e o MP concluíram que os cofres
paulistas foram lesados em pelo menos R$ 425 milhões
Segundo
integrantes do MP e do Cade, seis projetos de
trem e metrô investigados
apresentaram sobrepreço de 30%
Na última semana, ISTOÉ publicou documentos inéditos e
trouxe à tona o depoimento voluntário de um ex-funcionário da multinacional
alemã Siemens ao Ministério Público. Segundo
as revelações, o esquema montado por empresas da área de transporte sobre
trilhos em São Paulo
para vencer e lucrar com licitações públicas durante os sucessivos governos do
PSDB nos últimos 20 anos contou com a participação de autoridades e servidores
públicos e abasteceu um propinoduto milionário que desviou dinheiro das obras
para políticos tucanos.
Toda a
documentação, inclusive um relatório do que foi revelado pelo ex-funcionário da
empresa alemã, está em poder do Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade), para quem a Siemens – ré confessa por formação de cartel – vem
denunciando desde maio de 2012 as falcatruas no Metrô e nos trens paulistas, em
troca de imunidade civil e criminal para si e seus executivos. Até semana
passada, porém, não se sabia quão rentável era este cartel.
Ao se
aprofundarem, nos últimos dias, na análise da papelada e depoimentos colhidos
até agora, integrantes do Cade e do Ministério Público se surpreenderam com a
quantidade de irregularidades encontradas nos acordos firmados entre os
governos tucanos de São Paulo e as companhias encarregadas da manutenção e
aquisição de trens e da construção de linhas do Metrô e de trens.
Uma
das autoridades envolvidas na investigação chegou a se referir ao esquema como
uma fabulosa história de achaque aos cofres públicos, num enredo formado por
pessoas-chaves da administração – entre eles diretores do metrô e da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, com participação especial de
políticos do PSDB, os principais beneficiários da tramoia.
Durante
a apuração, ficou evidente que o desenlace dessa trama é amargo para os
contribuintes paulistas. A investigação revela que o cartel superfaturou cada
obra em 30%.
É o
mesmo que dizer que os governantes tucanos jogaram nos trilhos R$ 3 de cada R$
10 desembolsado com o dinheiro arrecadado dos impostos.
Foram
analisados 16 contratos correspondentes a seis projetos. De acordo com o MP e o
Cade, os prejuízos aos cofres públicos somente nesses negócios chegaram a RS
425,1 milhões.
Os
valores, dizem fontes ligadas à investigação ouvidas por ISTOÉ, ainda devem se
ampliar com o detalhamento de outros certames vencidos em São Paulo pelas empresas
integrantes do cartel nesses e em outros projetos.
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