Em semana marcada por um apagão na rede elétrica que abastece o
Nordeste, presos do Rio Grande do Norte, que cumprem pena ou estão
provisoriamente em Centros de Detenção Provisória (CDPs), aproveitaram o
escuro para tentar fugir do "inferno", como eles próprios denominam as
carceragens mantidas pelo Estado, tanto na capital, como no interior.
Foram
registrados problemas com as péssimas estruturas em diversos CDPs, dos
municípios e na Grande Natal, durante as horas de escuro. "Aqui é o
inferno, pode acreditar. Falta água, comida, condições básicas de
higiene e saúde, além de sermos espancados na calada da noite", disse um
preso do CDP da Ribeira, após uma rebelião ser contornada.
Na
ocasião do apagão, mais de 80 presos que dividiam três celas
superlotadas começaram a quebrar as paredes e grades, tentando fuga em
massa, que só não ocorreu devido os reclusos terem sido contidos a tiros
de escopetas calibre 12 e pistolas disparados por agentes
penitenciários.
Após o retorno da energia, marcas de tiros eram
visíveis nas paredes das celas e corredores, assim como um rastro de
destruição na unidade prisional que teve de ser interditada pela Justiça
e os detentos transferidos para a Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em
Nísia Floresta.
INDIGNAÇÃO
Os familiares dos
presos quando os viram sendo transferidos para Alcaçuz, se revoltaram e
denunciaram os maus-tratos efetuados pelos agentes penitenciários e
policiais que ajudam na vigilância do CDP.
Na cidade de Pau dos
Ferros, região do Alto Oeste potiguar, também foram registrados
problemas envolvendo unidades prisionais. No complexo penal da cidade,
os presos aproveitaram o escuro para dar continuidade a um túnel que
vinha sendo escavado de dentro para fora do presídio. No dia seguinte
(quinta-feira), durante as visitas, os agentes localizaram o túnel e
prenderam em flagrante 10 presos dentro das obras de escavação.
Revoltados
pela descoberta do túnel e as prisões dos companheiros, os detentos
iniciaram uma rebelião e mantiveram como reféns os familiares e amigos
que os visitavam, tornando o clima tenso e delicado. A situação só foi
contornada meia hora depois, quando os agentes negociaram a liberdade
das visitas.
"Nós temos problemas direto com a estrutura do presídio e
as condições que os presos são mantidos. Falta condições de trabalho e
sobra perseguição por parte do governo estadual, se denunciarmos as
irregularidades", disse um agente penitenciário lotado no presídio de
Pau dos Ferros.
Segundo relatos da Secretaria de Estado Justiça e
Cidadania (Sejuc), na semana do apagão foi registrado problema na Cadeia
Pública de Nova Cruz, Caraúbas, Apodi, Alexandria, Acari, Caicó e
Natal.
de o mossoroense
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