Mesmo com o mutirão que o Departamento Estadual de Trânsito do Rio
Grande do Norte (Detran-RN) promove de terça a sexta-feira à tarde, na
sua sede em Cidade da Esperança, a fila de espera para a realização dos
exames práticos de direção tem 14.206 pessoas. O dado vale para todo o
Estado. Ainda que seja um número de assustar, o Detran o considera
“dentro dos padrões” e garante que até dezembro a demanda estará sanada.
Um dado que chama a atenção é que 44% dos 14.206 que aguardam na fila –
ou seja, 6.293 – são de pessoas que tentam por mais de uma vez passar no
exame. Entre as cidades potiguares, Natal é quem concentra a maior
parte de pessoas aguardando na fila: a capital potiguar tem 9.155
aprendizes prontos para a realização do teste, o que representa pouco
mais de 64%. Desse total, 4.245 são candidatos a motoristas que tentam
pela sua segunda, terceira ou mais vezes finalmente conseguir a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH).
Uma dessas pessoas é a dona de
casa Jerliane Araújo, 23, que ontem já ia para sua terceira tentativa. A
jovem esperava sentada numa sala com pouca iluminação. Junto dela mais
algumas dezenas de outros aprendizes. Apenas uma televisão e o abrir e
fechar das portas traziam um pouco mais de luz ao recinto. Muitas
reclamações de demora eram ouvidas.
Jerliane já esperava há uma
hora e acreditava que iria ainda ter de aguardar o mesmo período até ser
chamada para finalmente assumir o volante de um carro e tentar de novo a
obtenção do documento. Ela diz que a demora não se resume a isso. Cada
tentativa lhe custou ao menos 20 dias de espera. “Depois da autoescola
você tem de esperar 15 dias pra poder marcar o teste e mais cinco até
fazê-lo. Sem contar as taxas que tem de pagar pelo teste. Então acho que
é uma espera longa porque temos de fazer aulas pra não perder a prática
e isso gasta mais dinheiro”, destacou a dona de casa.
O site
oficial do Detran indica que o reteste da Prova Prática de Direção
Veicular custa R$ 27,00. Questionada sobre o motivo das suas
reprovações, Jerliane não classificou a prova do Detran como difícil e
nem culpou a sua autoescola por não capacitá-la direito. Ela disse
apenas que o nervosismo é o seu pior inimigo quando entra no carro e é
avaliada pelo perito do Detran. “É o nervosismo que acaba com a gente. A
pressão é grande aí às vezes a gente acaba errando”, disse ela.
Quanto
ao alto número de reprovados, a subcoordenadora da Controladoria
Regional de Trânsito, Márcia Marques, responsabiliza a falha na formação
dos futuros condutores. Márcia diz que há centros de formação com
aprovação beirando os 100%, mas outros que nem chegam à metade. Para se
ter uma ideia, o setor de estatística do Detran mostra que atualmente o
índice de reprovação é de cerca de 37%, muito próximo do registrado
cinco meses atrás, quando era de 36,2%.
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