da Agência Brasil
Brasília - O Senado aprovou hoje, em dois turnos, a proposta de
emenda à Constituição (PEC) que estabelece a perda automática de mandato
em caso de condenação de deputados e senadores que culmine na suspensão
dos direitos políticos. Em casos de improbidade administrativa, a PEC
estabelece que a perda automática de mandato ocorrerá apenas quando o
Judiciário determinar a perda da função. Com isso, caberá às mesas
diretoras da Câmara e do Senado apenas comunicar a perda do mandato, sem
necessidade de processo de cassação.
O Supremo Tribunal Federal determinou que os deputados condenados na
Ação Penal 470, o processo do mensalão, deverão perder automaticamente
os mandatos, mas inicialmente a Mesa Diretora da Câmara entendia que
eles deveriam passar por processo de cassação na Casa.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lembrou o caso
recente do deputado Natan Donadon (sem partido-RO), condenado pelo
Supremo. Ele cumpre prisão em regime fechado no Presídio da Papuda, no
Distrito Federal, mas foi absolvido em processo de cassação na Câmara.
“Esta é a oportunidade que o Parlamento tem de se redimir daquela
traumática sessão que tentou confirmar uma decisão do Supremo Tribunal
Federal”, disse Calheiros.
Para o senador Walter Pinheiro (PT-BA), a PEC trará segurança
jurídica e evitará que os parlamentares julguem seus pares sem ter
acesso suficiente a provas e evidências sobre os crimes. “Esta é a
medida correta porque remete para os foros apropriados. Quando uma
matéria chega a transitar em julgado é porque ela passou pelas
instâncias de apuração e, no Judiciário, foi analisada por alguém que é,
ao longo de sua carreira, treinado para avaliar essas apurações”, disse
o senador Walter Pinheiro (PT-BA).
O único a votar contra a matéria foi o senador João Alberto Souza
(PMDB-MA). Ele alegou não concordar em ceder o direito de julgar seus
pares ao Poder Judiciário. “Acho que é um direito nosso de ouvir o
parlamentar e dar a nossa opinião. Não devemos entregar nosso direito a
quem quer que seja”, ressaltou. Os demais 61 senadores presentes votaram
favoravelmente à matéria.
A PEC é de autoria do senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), mas
sofreu alterações e foi aprovada na forma de substitutivo do senador
Eduardo Braga (PMDB-AM). Ela segue agora para a Câmara dos Deputados,
onde ainda precisará passar por votação em dois turnos.
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