quinta-feira, 1 de agosto de 2013

TJ diz que declaração da governadora é 'desrespeitosa, inoportuna e inconstitucional'

O Tribunal de Justiça do Estado, por meio de nota de esclarecimento emitida no início da tarde desta quinta-feira (1), assinada pelo presidente, desembargador Aderson Silvino, reagiu a declarações atribuídas à governadora Rosalba Ciarlini.
Em entrevista publicada no Novo Jornal, a governadora disse que as reações do Tribunal de Justiça e do Ministério Público ao corte de 10,7 por cento no orçamento são de "filhos sem mesada". 
 
Na nota, o presidente do TJ considera a declaração da governadora "desrespeitosa, inoportuna e inconstitucional". O documento lembra que o Tribunal e Justiça "é um poder autônomo, independente e livre da tutela de qualquer governante".
 
No comunicado público, Aderson Silvino diz que o corte está fora do limite e atinge significativamente o custeio e os investimentos do Poder Judiciário. Lembra, ainda, que enquanto o STF teve de reduzir 0,5 por cento de seu orçamento, equivalente a R$ 2,5 milhões, o TJ teve corte de R$ 80 milhões. 
Leia, na íntegra, a Nota de Esclarecimento do TJRN:
 
NOTA DE ESCLARECIMENTO 
 
A declaração da governadora Rosalba Ciarlini, publicada hoje em jornais potiguares, na qual afirma que o Tribunal de Justiça e o Ministério Público agem “como filhos sem mesada”, é desrespeitosa, inoportuna e inconstitucional. É inadmissível que o Executivo se projete como tutor, ou se compare a uma mãe que deve “mesada” aos filhos, relegando aos demais poderes uma postura subserviente. O Poder Judiciário é, conforme a Constituição Federal, autônomo, independente e livre da tutela de qualquer governante. 
O Tribunal de Justiça também considera uma alegoria inadequada afirmar que “acontece com o orçamento como se passa em nossas casas”. Não há apropriamento privado. Não há solicitação de repasse inapropriado ou indevido. Os repasses relativos ao duodécimo são constitucionais, definidos pelo Artigo 168 da Constituição Federal. No entanto, esta obrigação constitucional vem sendo, reiteradas vezes, ignorada pelo Poder Executivo do RN. 
É importante esclarecer que desde o início das discussões em torno das dificuldades orçamentárias expostas pelo Governo do Estado, o Tribunal de Justiça jamais se negou ao diálogo. No entanto, o corte feito pelo decreto governamental atinge significativamente o custeio e os investimentos do TJRN. Para efeito de comparação, o Supremo Tribunal Federal (STF), que participou do esforço da União no contingenciamento de verbas para a garantia do superávit primário, teve 0,5% de seu orçamento cortado pelo Governo Federal, ou seja, R$ 2,5 milhões, enquanto o TJ potiguar sofreu um corte de R$ 80 milhões. 
A medida do Governo do RN está fora do limite aceitável para assegurar a prestação jurisdicional à população e os investimentos em curso, a exemplo da implantação do Processo Judicial Eletrônico (Pje) e dos mutirões como o Expresso Judiciário e o Mutirão da Improbidade, que vêm acelerando julgamentos em todo o Estado. 
O TJRN entende as dificuldades financeiras enfrentadas pelo Poder Executivo. Porém, não pode admitir que elas sejam motivadoras da paralisação dos serviços da Justiça, essenciais à garantia dos direitos da população norte-rio-grandense. 
 
Aderson Silvino 
Presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte 
 

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