Em meio a uma crise financeira que forçou o governo a cortar despesas e
repasses para o Legislativo e o Judiciário, a população do Rio Grande do
Norte enfrenta desde o início do mês uma série de greves no serviço
público.
Estão de braços cruzados professores da rede estadual, servidores da
saúde e do Itep (Instituto Técnico-Científico da Polícia) e policiais
civis.
Médicos e delegados também ameaçam parar nos próximos dias, assim como
servidores da Secretaria de Segurança Pública e da Delegacia Geral de
Polícia.
Praticamente todas as categorias pedem reajuste salarial e melhorias estruturais nos locais de trabalho.
Hoje, além de aulas suspensas e unidades de saúde com o serviço
prejudicado pela falta de funcionários, os potiguares têm de esperar
para registrar boletins de ocorrência no quartel da PM. As investigações
de crimes também estão paradas.
"Apenas 5% dos inquéritos são solucionados porque não temos condições de
fazer o trabalho. A Polícia Civil está sucateada e com deficit de
profissionais. E isso tem gerado aumento da violência", afirma Djair
Oliveira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol).
Uma das reivindicações da categoria é a retirada de presos das delegacias do interior.
Perícias e emissão de documentos, a cargo do Itep, também estão suspensos.
Para a coordenadora do Sindsaúde (Sindicato dos Servidores em Saúde),
Simone Dutra, "o governo não dá condições de trabalho". "Falta material.
Não tem álcool nem fita, produtos essenciais nos hospitais", afirma.
A última categoria a parar foi a dos professores, na segunda-feira.
Segundo o Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), 95% das
escolas apresentam algum problema estrutural.
A auxiliar de cozinha Eliana Fernandes de Lima, 25, mãe de dois alunos da rede estadual, teme deixar as crianças sozinhas.
"Quanto mais eles ficam em casa, mais tempo perdem na vida. Sem contar o perigo que é ficarem sozinhos em casa", afirma ela.
O governo estadual enfrenta ainda uma crise financeira. A governadora
Rosalba Ciarlini (DEM) cortou os custos das secretarias em 20% e reduziu
o repasse orçamentário ao Tribunal de Justiça e à Assembleia
Legislativa.
OUTRO LADO
Segundo a Secretaria de Justiça, faltam vagas em presídios para retirar
todos os presos das delegacias. Há um projeto para duas novas
penitenciárias, que criarão cerca de 1.500 vagas até 2014.
A Secretaria Estadual da Saúde diz que aceitou quatro dos cinco pontos
apresentados pelos grevistas e pediu à Justiça que a greve seja
considerada ilegal. O ponto dos servidores será cortado.
Já a Secretaria Estadual de Educação, que também vai pedir a ilegalidade
da greve dos docentes, diz que concedeu 77% de reajuste salarial,
convocou 3.700 concursados e vem reformando escolas.
folha de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário