O ex-deputado federal Ney Lopes está na vida pública desde os anos
1980. Nunca mudou de partido. Sempre esteve no PFL, que virou DEM. Hoje,
ele compartilha com a governadora Rosalba Ciarlini das dores de ser
preterido pelo próprio partido. Nesta entrevista, ele defende o direito
de Rosalba disputar a reeleição, mas pondera que isso é muito difícil.
Também analisa o quadro de decadência do DEM.
O Mossoroense: Como o senhor analisa o resultado da reunião que rejeitou a candidatura de Rosalba?
Ney
Lopes: Analiso como tendo sido "um jogo de cartas marcadas". A rigor,
não havia necessidade dessa reunião prévia da Comissão Executiva do
partido. Ela foi feita em razão de pressões humilhantes feitas ao
senador José Agripino pelo deputado Henrique Alves e a ex-governadora
Wilma de Faria. Argumentaram que o DEM teria que sinalizar o mais breve
possível que não teria candidatos ao Governo do Estado e ao Senado. Essa
era a exigência "número um" que o PMDB e PSB faziam para viabilizar a
entrada do DEM numa coligação proporcional e dessa forma garantir (em
termos) a eleiçãodo filho do senador José Agripino, deputado Felipe
Maia. Observou-se uma verdadeira orquestração para "barrar a qualquer
custo" a candidatura de Rosalba à reeleição e, inclusive, a minha
pretensão de disputar o Senado este ano. Henrique e Wilma não admitem
concorrentes e querem ganhar por W.O. A rendição do DEM foi pública e
notória. Alegaram que era para fortalecer o partido. Quem já viu
fortalecer partido agachado e de pires na mão, diante de adversários
históricos? Poder-se-ia analisar, sem preconceitos, se fosse uma
coligação como a de 2006, na qual o DEM indicou o vice-governador e
outros cargos. No caso de 2014, o DEM ficou absolutamente sem nada,
capitulou, perdeu altura e tamanho. No início da última reunião do DEM, o
senador José Agripino e o seu filho deputado Felipe Maia anunciaram a
intenção de enxotar Rosalba e outros, com todas as letras. Ainda pedi a
palavra para ponderar um prazo, no qual Rosalba e outros pretendentes
majoritários pudessem articular-se, já que não tinham feito isso antes,
em função da desconfiança propagada pelos dirigentes do partido, de que a
legenda lhes seria negada. Como Rosalba poderia montar um arco de
aliança política nessas condições? Aliás, a responsabilidade dessas
alianças seria também dos dirigentes do DEM e não só dela. Rosalba
entregou ao senador José Agripino um requerimento, pedindo um prazo.
Tudo foi negado. Sem explicações, o requerimento não foi debatido, nem
votado. Ao contrário, de uma forma inusitada e inédita numa assembleia
que deveria ser democrática, o senador José Agripino anunciou que
colheria os votos antecipados de quem tivesse compromissos, ou desejasse
ausentar-se da reunião. Quer dizer: de nada adiantaria argumentar, ou
debater. A única alternativa era sair do recinto, o que foi feito pela
governadora e alguns amigos. Um espetáculo deplorável e melancólico para
um partido que se diz "Democrata".
veja a entrevista completa aqui
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