segunda-feira, 9 de junho de 2014

"O partido se autodeprecia", declara Ney Lopes

O ex-deputado federal Ney Lopes está na vida pública desde os anos 1980. Nunca mudou de partido. Sempre esteve no PFL, que virou DEM. Hoje, ele compartilha com a governadora Rosalba Ciarlini das dores de ser preterido pelo próprio partido. Nesta entrevista, ele defende o direito de Rosalba disputar a reeleição, mas pondera que isso é muito difícil. Também analisa o quadro de decadência do DEM.
O Mossoroense: Como o senhor analisa o resultado da reunião que rejeitou a candidatura de Rosalba?
Ney Lopes: Analiso como tendo sido "um jogo de cartas marcadas". A rigor, não havia necessidade dessa reunião prévia da Comissão Executiva do partido. Ela foi feita em razão de pressões humilhantes feitas ao senador José Agripino pelo deputado Henrique Alves e a ex-governadora Wilma de Faria. Argumentaram que o DEM teria que sinalizar o mais breve possível que não teria candidatos ao Governo do Estado e ao Senado. Essa era a exigência "número um" que o PMDB e PSB faziam para viabilizar a entrada do DEM numa coligação proporcional e dessa forma garantir (em termos) a eleiçãodo filho do senador José Agripino, deputado Felipe Maia. Observou-se uma verdadeira orquestração para "barrar a qualquer custo" a candidatura de Rosalba à reeleição e, inclusive, a minha pretensão de disputar o Senado este ano. Henrique e Wilma não admitem concorrentes e querem ganhar por W.O. A rendição do DEM foi pública e notória. Alegaram que era para fortalecer o partido. Quem já viu fortalecer partido agachado e de pires na mão, diante de adversários históricos? Poder-se-ia analisar, sem preconceitos, se fosse uma coligação como a de 2006, na qual o DEM indicou o vice-governador e outros cargos. No caso de 2014, o DEM ficou absolutamente sem nada, capitulou, perdeu altura e tamanho. No início da última reunião do DEM, o senador José Agripino e o seu filho deputado Felipe Maia anunciaram a intenção de enxotar Rosalba e outros, com todas as letras. Ainda pedi a palavra para ponderar um prazo, no qual Rosalba e outros pretendentes majoritários pudessem articular-se, já que não tinham feito isso antes, em função da desconfiança propagada pelos dirigentes do partido, de que a legenda lhes seria negada. Como Rosalba poderia montar um arco de aliança política nessas condições? Aliás, a responsabilidade dessas alianças seria também dos dirigentes do DEM e não só dela. Rosalba entregou ao senador José Agripino um requerimento, pedindo um prazo. Tudo foi negado. Sem explicações, o requerimento não foi debatido, nem votado. Ao contrário, de uma forma inusitada e inédita numa assembleia que deveria ser democrática, o senador José Agripino anunciou que colheria os votos antecipados de quem tivesse compromissos, ou desejasse ausentar-se da reunião. Quer dizer: de nada adiantaria argumentar, ou debater. A única alternativa era sair do recinto, o que foi feito pela governadora e alguns amigos. Um espetáculo deplorável e melancólico para um partido que se diz "Democrata".


veja a entrevista completa aqui

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