O juiz federal Eduardo Guimarães, um dos membros do Tribunal Regional
Eleitoral (TRE), tem realmente uma postura bem definida quando se trata
da situação da prefeita de Mossoró, Cláudia Regina (DEM): ela se
beneficiou, sim, de uma série de irregularidades durante a disputa
eleitoral de 2012. E mais uma demonstração desse entendimento de
Guimarães foi dada hoje (11), durante o julgamento da ação cautelar
movida pela defesa de Cláudia Regina e pedindo o retorno dela à
Prefeitura – após o afastamento motivado pelas sétimas e oitavas
cassações.
Nesta sessão, além de ressaltar essa culpabilidade de Cláudia Regina,
o magistrado criticou a postura da defesa dela e o grupo político que a
acompanha. “Senhores, a regra do regime democrático é a alternância de
poder. O que não tem alternância de poder é ditadura. Uma ditadura que,
parece, há mais de 20 anos já está dominando aquela região (de
Mossoró)”, analisou Eduardo Guimarães ao repreender aqueles que eram
contrários à alternância no poder municipal.
Antes de Cláudia Regina, vale lembrar, a prefeita de Mossoró foi Fafá
Rosado, mesmo grupo político dela. Rosalba Ciarlini, atual governadora,
foi anterior a Fafá. Todas são do mesmo grupo político, que antes era
PFL e, agora, é DEM. Contudo, essa não foi a única crítica do juiz.
Retornando ao viés jurídico, Eduardo Guimarães repreendeu a atitude
dos advogados de Cláudia Regina, que teriam colocado no recurso uma
repetição das alegações finais do processo em primeiro grau (que gerou a
cassação da prefeita) e acrescentou apenas a novidade de que o Tribunal
Regional Eleitoral já havia concedido em outras vezes o efeito
suspensivo, sustentado no fato de que apenas uma Corte teria o poder de
afastar políticos condenados.
“Nem a isso (argumentar melhor o recursos), se dão ao trabalho”,
criticou Eduardo Guimarães durante a relatoria da ação cautelar.
“Somente a sensação de impunidade justifica a forma como foi escrita um
recurso, sem a mínima preocupação de apontar os erros da primeira
decisão”, acrescentou o magistrado federal e eleitoral.
Eduardo Guimarães também ressaltou que, além de oito condenações,
nesses últimos processos foram elencados 63 fatos distintos violadores
da legalidade eleitoral. “Ao cidadão comum, repugna oito cassações sem
efeito. E ainda argumenta-se a ‘fumaça do bom direito’, onde está a
relevância jurídica disso?”, acompanhou o juiz eleitoral Artur Cortes,
seguindo a linha crítica do colega.
Apesar dos argumentos relatados por Eduardo Guimarães, o efeito
suspensivo foi aceito pela maioria da Corte e Cláudia Regina está
liberada para voltar à chefia da Prefeitura de Mossoró. Na terça-feira
(18), o TRE julgará os méritos de dois recursos da defesa. Serão os
primeiros julgamentos de cassações da prefeita. Eduardo Guimarães e
Carlo Virgílio são os relatores. Se cassada, Cláudia e o vice-prefeito,
Wellington Filho (PMDB), serão afastados e haverá nova eleição em
Mossoró.
do portal noAr
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