O deputado federal Felipe Maia, do DEM, usou o plenário da Câmara dos
Deputados para defender as Forças Armadas do Brasil e tentar garantir
que elas não sofram redução no consumo de combustíveis de veículos e
aviões – entre outras questões orçamentárias. Tudo bem se o parlamentar
filho do senador José Agripino (DEM) não fosse sócio de uma das
principais empresas de querosene para avião do País, o que representaria
o popular “legislar em causa própria”.
Até defender os próprios interesses, no entanto, Felipe Maia
“arrodeou” um pouco. Começou o discurso ressaltando que cerca de R$ 13
bilhões no Orçamento da União de 2014 afastam as Forças Armadas do
montante considerado ideal para o investimento na defesa nacional.
Segundo o parlamentar, os recursos destinados nos últimos anos ao
Exército, Marinha e Aeronáutica não são suficientes, comprometendo esse
trabalho.
Não que isso não seja verdade. É tão verdadeiro quanto o fato das
Forças Armadas ter um gasto elevado com pessoal, de quase 70% do
orçamento, comprometendo a aquisição de munição, a construção de navios e
a compra e modernização de aeronaves, dentre outros investimentos.
Porém, Felipe Maia foi além. Assumiu o discurso de representantes da
Marinha, Exército e Aeronáutica, que nesta semana se reuniram no
Congresso Nacional e solicitaram um acréscimo de R$ 7,45 bilhões no
Orçamento de 2014 por meio de emendas parlamentares. O motivo para isso
é, justamente, comprar combustível para carros e aviões, que a empresa
do próprio Felipe vende.
“Tive a oportunidade de conhecer o programa do Brasil na Antártica e
de acompanhar como funciona a Operação Cruzeiro do Sul (Cruzex) que está
acontecendo no Rio Grande do Norte. Dessa forma pude ver a importante
atuação das Forças e a necessidade de investimento na defesa nacional.
Assim como a Marinha necessita de recursos para a reconstrução da
Estação Antártica, a Aeronáutica precisa de novas aeronaves para
monitorar nosso espaço aéreo”, destacou Felipe Maia.
O filho de José Agripino é sócio majoritário da Comércio de
Combustível para Aviação Ltda (Comav), desde 2001, concessionária da BR
Distribuidora, um dos braços da Petrobras. Atualmente, a Comav é
responsável pelo combustível que abastece as aeronaves que decolam dos
aeroportos de Natal e Mossoró – um negócio estimado em R$ 50 milhões por
ano.
Vale lembrar que essa não seria a única vez que o parlamentar do DEM
pode estar usando o poder de influência dele para se beneficiar. No Rio
Grande do Norte, afirma-se que o Governo do Estado estuda a desoneração
de 5% sobre o Querosene de Aviação (QAV), atualmente em 17%. A medida é
considerada fundamental para trazer de volta mais de uma centena de voos
que deixaram de chegar ao Aeroporto Internacional Augusto Severo nos
últimos dois anos.
do portal NoAr
Nenhum comentário:
Postar um comentário