domingo, 17 de novembro de 2013

Felipe Maia usa Forças Armadas para legislar em causa própria na Câmara

O deputado federal Felipe Maia, do DEM, usou o plenário da Câmara dos Deputados para defender as Forças Armadas do Brasil e tentar garantir que elas não sofram redução no consumo de combustíveis de veículos e aviões – entre outras questões orçamentárias. Tudo bem se o parlamentar filho do senador José Agripino (DEM) não fosse sócio de uma das principais empresas de querosene para avião do País, o que representaria o popular “legislar em causa própria”.
Felipe Maia visitou Cruzex nesta semana e conversou com alguns militares
Felipe Maia visitou Cruzex nesta semana e conversou com alguns militares
Até defender os próprios interesses, no entanto, Felipe Maia “arrodeou” um pouco. Começou o discurso ressaltando que cerca de R$ 13 bilhões no Orçamento da União de 2014 afastam as Forças Armadas do montante considerado ideal para o investimento na defesa nacional. Segundo o parlamentar, os recursos destinados nos últimos anos ao Exército, Marinha e Aeronáutica não são suficientes, comprometendo esse trabalho.
Não que isso não seja verdade. É tão verdadeiro quanto o fato das Forças Armadas ter um gasto elevado com pessoal, de quase 70% do orçamento, comprometendo a aquisição de munição, a construção de navios e a compra e modernização de aeronaves, dentre outros investimentos.
Porém, Felipe Maia foi além. Assumiu o discurso de representantes da Marinha, Exército e Aeronáutica, que nesta semana se reuniram no Congresso Nacional e solicitaram um acréscimo de R$ 7,45 bilhões no Orçamento de 2014 por meio de emendas parlamentares. O motivo para isso é, justamente, comprar combustível para carros e aviões, que a empresa do próprio Felipe vende.
“Tive a oportunidade de conhecer o programa do Brasil na Antártica e de acompanhar como funciona a Operação Cruzeiro do Sul (Cruzex) que está acontecendo no Rio Grande do Norte. Dessa forma pude ver a importante atuação das Forças e a necessidade de investimento na defesa nacional. Assim como a Marinha necessita de recursos para a reconstrução da Estação Antártica, a Aeronáutica precisa de novas aeronaves para monitorar nosso espaço aéreo”, destacou Felipe Maia.
O filho de José Agripino é sócio majoritário da Comércio de Combustível para Aviação Ltda (Comav), desde 2001, concessionária da BR Distribuidora, um dos braços da Petrobras. Atualmente, a Comav é responsável pelo combustível que abastece as aeronaves que decolam dos aeroportos de Natal e Mossoró – um negócio estimado em R$ 50 milhões por ano.
Vale lembrar que essa não seria a única vez que o parlamentar do DEM pode estar usando o poder de influência dele para se beneficiar. No Rio Grande do Norte, afirma-se que o Governo do Estado estuda a desoneração de 5% sobre o Querosene de Aviação (QAV), atualmente em 17%. A medida é considerada fundamental para trazer de volta mais de uma centena de voos que deixaram de chegar ao Aeroporto Internacional Augusto Severo nos últimos dois anos.


do portal NoAr

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