No Dia da Mulher, comemorado internacionalmente neste sábado, uma
realidade está visível para todos: duas mulheres vão definir os rumos da
política potiguar nos próximos meses, Wilma de Faria (PSB) e Fátima
Bezerra (PT). Com popularidade em alta junto ao eleitorado, as duas
podem ser colocadas como as “noivas” do pleito e, não por acaso, estão
sendo disputadas de forma acirrada pelos partidos e pré-candidatos para a
composição de chapas majoritárias. Os caminhos escolhidos por elas
poderão confirmar candidaturas e, até mesmo, vencedores da disputa
política que está por vir.
Para quem duvida, a confirmação é simples e pode ser facilmente
testada pelas condições políticas que as duas atravessam. Fátima
Bezerra, deputada federal mais votada em 2010, vive a expectativa de
disputar pela primeira vez o Senado Federal, apoiada por um grande
número de potenciais eleitores, graças aos trabalhos feitos no setor da
educação, sobretudo, com a conquista de diversos IFRNs para o interior
do Estado.
Dessa forma, a candidatura dela, por sinal, é quase uma imposição do
PT nacional para aumentar o número de senadores do partido em 2015.
Agora, a aproximação dela do PSD começa a fortalecer a candidatura do
vice-governador e pré-candidato ao Governo, Robinson Faria. Afinal,
acaba por ser o “apoio de peso” que Robinson procurava desde que afirmou
que tinha interesse em disputar o governo, ainda em 2013.
Ainda há dúvida de que Fátima é forte? Pois bem: na última pesquisa
de intenção de voto publicada pela Consult, em dezembro de 2013, a
ex-governadora e atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria, ganharia
com boa margem de votos de todos os adversários – incluindo o ministro
Garibaldi Filho, o presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves,
o empresário Fernando Bezerra e o vice-governador Robinson. A vitória
mais apertada, quase um empate técnico, seria, justamente, se ela
disputasse o Senado contra Fátima.
Essa situação, inclusive, pode ser um dos fatores que atrasa a
definição sobre o destino da própria Wilma de Faria. Ela aceitaria
disputar o Senado contra Fátima, desde que não seja para compor uma
chapa contra um candidato “fraco” para o Governo. Porque se isso for
acontecer, para Wilma, é melhor disputar o próprio Governo, onde teria
mais chances de ganhar.
E se a ex-governadora não se decide, o PMDB – partido que já
confirmou que lançará um nome ao Governo, mas não disse quem – não
escolhe o candidato. Isso porque, para a sigla, ter o apoio de Wilma de
Faria (ou melhor, tirá-la da disputa para o Governo) é fundamental para
que o projeto possa ser confirmado. Hoje, o partido de Henrique,
Garibaldi e Fernando Bezerra sabe que uma disputa direta contra a
ex-governadora significa uma redução das chances de vitória.
Dessa forma, pode-se dizer que está nas mãos de Wilma e Fátima
Bezerra a definição do pleito de 2014 – ou, pelo menos, de quem serão os
candidatos. Se confirmar o apoio a Robinson e a composição da chapa
disputando o Senado, Fátima confirma a candidatura do PSD.
Consequentemente, deixa Wilma mais “exigente” com relação a quem ela vai
escolher para ficar ao lado dela na disputa deste ano (e se vai
escolher alguém para disputar o Governo ou vai ela mesmo para o pleito).
Se a ex-governadora for para a disputa pelo Senado, deixa o caminho
livre para o PMDB. Se for para o Governo, pode forçar os peemedebistas a
lançarem (a contra gosto) o ministro e ex-governador Garibaldi – e pode
até fazer Robinson Faria pensar duas vezes antes de concorrer ao
Executivo.
EFEITO DILMA
A pergunta que pode ser feita diante disso é: se Wilma e Fátima são
tão fortes, porque as duas não se juntam para a disputa de 2014? Porque
há outra mulher impedindo isso, a presidente da República, Dilma
Rousseff. Tendo o PSB pré-lançado a candidatura própria à Presidência e o
PT decidido proibir o “fortalecimento do palanque adversário”, as duas
siglas estariam proibidas de se aliar para o pleito deste ano.
Sendo assim, o PT no Rio Grande do Norte veta a presença de Wilma
numa chapa majoritária, o que impede uma eventual composição entre
Fátima para o Senado e Wilma para o Governo. Ou mesmo uma composição de
Wilma para o Senado e outro nome para o Governo, apoiado pelos petistas
(com indicação de vice-governador ou suplente de senador).
Pedido da mulher de Garibaldi foi fundamental para decisão
Por sinal, quando se fala em mulheres decisivas para a política, é
importante lembrar que há outras, em posições não tão destacadas, mas
que podem sim influenciar a escolha de grandes agentes políticos. O caso
de Garibaldi Filho, por exemplo, que tem dito e repetido que não quer
ser candidato ao Governo em 2014. A posição não é, exclusivamente, do
atual ministro da Previdência Social.
Garibaldi tem, dentro de casa, uma forte resistência para ser
novamente candidato: a mulher dele, Denise Alves. Ciente de que o
companheiro já cumpriu o papel dele no Governo do Estado, a opinião dela
é um dos principais motivadores para que o ministro negue, com tamanha
veemência, uma nova candidatura ao Governo. Dessa forma, inclusive,
deixa o PMDB em situação mais difícil, uma vez que os nomes que têm,
Fernando Bezerra e Henrique, não convencem de maneira tão fácil a
ex-governadora a abrir mão do Executivo. Concorrendo contra Garibaldi,
também ex-governador, Wilma sabe que seria preciso um investimento maior
e, consequentemente, poderia ser mais facilmente convencida a seguir
pelo Senado.
Por sinal, Wilma de Faria também sofre a influência de outra mulher
na sua decisão: a filha, Márcia Maia. Dentro de uma coligação ao lado de
partidos como o PMDB e o PROS, as duas maiores bancadas na Assembleia
Legislativa, a deputada estadual teria uma reeleição mais facilitada
neste ano. Se o PSB de Wilma decidir lançar candidatura própria para o
Governo, isolando-a desses dois aliados, a reeleição de Márcia poderia
ser mais difícil e, principalmente, mais cara.
Nesse aspecto, aparece novamente um ponto favorável à aliança com o
PMDB. Uma vez que, comenta-se, o partido estaria disposto, até, a ajudar
financeiramente na eleição de Márcia Maia se isso convencesse Wilma a
abrir mão do Governo e apoiá-los no Senado. Essa informação, porém, não é
confirmada dentro do PSB.
“Fator Rosalba Ciarlini”
Se há uma terceira mulher que pode ser decisiva nesta eleição, mesmo
sem ser candidata ou ter qualquer relacionamento familiar com alguns dos
potenciais nomes em disputa, essa mulher é Rosalba Ciarlini. Condenada
na Justiça Eleitoral, a atual governadora do Estado ainda não definiu se
disputará a reeleição ou não. Mesmo assim, o status de desaprovação que
o Governo dela alcançou poderá influenciar os candidatos da mesma forma
como a ex-prefeita Micarla de Sousa influenciou.
O PT de Fátima Bezerra e o PSB de Wilma de Faria, pelo menos, podem
dizer que jamais apoiaram o Governo que alcançou mais de 80% de
desaprovação. E Wilma, inclusive, poderia ir até mais longe, sendo a
última referência de administração antes do Governo Rosalba Ciarlini e,
consequentemente, aproveitar a mesma popularidade que facilitou o
retorno do atual prefeito, Carlos Eduardo Alves, ao poder municipal.
Robinson Faria e o PMDB, porém, não têm essa mesma sorte. O primeiro
apoiou Rosalba, ajudou na eleição dela mas, pelo menos, deixou o Governo
ainda no primeiro ano, criticando-o pela centralização do poder. Os
peemedebistas fizeram pior: aderiram à gestão estadual depois do
primeiro ano e, só no ano passado, romperam com a gestão estadual,
justificando, para isso, o mesmo motivo dado por Robinson ainda em 2011.
E lembrar que o PMDB sofreu da mesma forma em 2012, por ter
participado da gestão Micarla de Sousa. Essa, por sinal, foi a
estratégia utilizada por Carlos Eduardo durante o segundo turno para
derrotar o adversário peemedebista, Hermano Morais: relacionar o partido
dele ao fracasso da gestão da ex-prefeita.
do portal JH
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