sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MP acusa governo de descumprir o próprio decreto que impôs cortes

O procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis, afirmou que o corte orçamentário de 10,74% imposto a todos os poderes pelo Executivo não tem sido seguido pelo próprio governo. Em entrevista na manhã desta quinta-feira (24), ele também questionou que o governo não tenha revelado a metodologia para fixar os cortes e rebateu ainda as estatísticas ao ser categórico na declaração de que a receita não está sendo frustrada em 10,74%, mas sim em algo oscilando entre 3% e 4%.
O quadro de indefinições orçamentárias e financeiras levaram o Ministério Público a instaurar inquérito civil para dimensionar o que o próprio procurador chamou de “caos”. Um dos principais focos da investigação diz respeito ao atraso salarial dos servidores, um alternativa a qual o governo se disse obrigado a adotar.
“Um dos objetos é saber com base em que o governo chegou ao corte de 10,74%. Se a gente estava com [frustração de] 5% [em julho, mês do decreto], por que o governo previu que a frustração total do ano seria de 10,74%?”, questinou Rinaldo Reis. O chefe do Ministério Público declarou ainda que, embora tenha fixado os cortes, o governo não os seguiu.
“O próprio governo não fez o contingenciamento dele. Quando ele previu cortes para todo mundo, ele deveria ter cortado pouco mais de R$ 400 milhões, mas o orçamento do governo não está menor R$ 400 milhões, está menor R$ 240 milhões”, enfatizou Rinaldo, ponderando logo em seguida:
“Mesmo isso tem que ser analisado, porque não está havendo essa frustração de 10,74%, mas sim de 3% a 4%. E como ainda faltam três meses, três meses de muita arrecadação, e como sempre a arrecadaçãs tem superado em muito a previsão, então o que a gente prevê? Que vamos terminar o ano sem frustração nenhuma. De qualquer maneira não vai ficar mais que 3% essa frustração”, estimou Rinaldo.
O inquérito aberto pelo MP está em fase embrionária, explicou o chefe do Ministério Público, e deverá ainda receber informações do próprio governo, que não foi ainda oficiado, e do Banco do Brasil, o qual remeterá ao MP extratos com a movimentação financeira do Executivo. O prazo para conclusão da investigação é de 180 dias, por igual período prorrogável. “Mas esperamos concluir antes, até porque não é um assunto de grande complexidade”, explicou o procurador-geral de Justiça.
Se comprovada alguma irregularidade, a governadora Rosalba Ciarlini estará sujeita, no mínimo, a responder por improbidade. “A Lei de Responsabilidade Fiscal prevê como deve se comportar o gestor em relação à receita. Havendo desvio isso terá que ser analisado à luz das demais leis. Se houver algum tipo de sanção prevista, é lógico que vai ser buscada a aplicação da lei. Mas não estamos afirmando nada, porque estamos em fase embrionária. Por outro lado, as notícias que nos chegam é que não há essa frustração que justifique esse caos”, considerou Rinaldo.



fonte portal noAr

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