O centro
de Mossoró é um habitat de figuras sempre dispostas a opinar e defender suas
convicções políticas faça sol ou faça muito sol. Na sexta-feira (11), enquanto
aguardava a chegada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), um grupo
de senhores conversava animadamente sobre o afastamento da prefeita Cláudia
Regina (DEM), alvo de cinco processos de cassação e que aguarda mais quatro
serem julgados.
- A
mulher é forte. Isso aí é coisa armada, da oposição – bradou numa confeitaria
um senhor a quem os outros chamavam de Zé. Moreno, alto e com o cabelo
grisalho, sorvia goles de café entre os argumentos. – Cláudia veio para ficar –
predestinava o homem, como um autêntico membro da bancada governista na Câmara
Municipal de Mossoró, situada nas imediações.
Aquele
era o segundo dia desde que a prefeita da segunda maior cidade do Estado
retornara à cadeira de onde foi destronada pela acusação de fraude eleitoral no
ano passado. A guilhotina é disparada da 34ª Zona Eleitoral. Ora o carrasco é o
juiz Herval Sampaio, ora Ana Clarisse Arruda se vê obrigada a degolar a
prefeita e seu vice, Wellington Filho, diante de vasta prova de cometimento de
crime.
“Não
acredito nisso. É mentira. É invenção”, continuava o homem enquanto sorvia o
café e agora se detia entretido com um exemplar do dia do Jornal de Fato. Um
dos convivas, que curiosamente lia O Mossoroense, falou sem erguer o olhar.
- É claro
que ela é inocente. É a Justiça que deve estar errada, Zé.
Inocente
ou não, a instabilidade vivida pela prefeita repercute para além das rodas de
cafezinhos de Mossoró. Durante os oito dias em que o Palácio da Resistência
teve três prefeitos, a insegurança quase se refletiu em serviços básicos.
Médicos ameaçaram paralisar os serviços por atrasos no pagamento. De mesmo
argumento se valeu o serviço de limpeza da cidade para estancar as vassouras
nas ruas.
A
primeira das indecisões que fez todos os cargos comissionados se prostrarem de
joelho veio com a assunção do vereador Alex Moacir, em 2 de outubro. Ele saiu
da vice-presidência da Câmara de Mossoró para se encastelar interinamente no
Palácio da Resistência porque o primeiro na linha sucessória, o presidente da
Casa, Francisco José Júnior, estava no exterior. Ao anunciar que não iria mexer
na estrutura de cargos, Moacir levou alento à classe prostrada e que foi
utilizada eleitoralmente em favor de Cláudia, de acordo com as várias acusações
que pesam contra ela.
Alex se
empenhou para não deixar passar despercebida sua titularidade nas instalações
palacianas. Reuniu o secretariado no segundo dia de mandato interino e posou
para eternidade como prefeito de Mossoró. Mal deu tempo de ir mais além em
outros feitos midiáticos. Seu sucessor, Francisco José Júnior, desembarcou em
solo mossoroense para ser sagrado rei interino. Começou a titularidade do
mandato reunindo tantos quanto pode no Palácio da Resistência.
“Criamos
o projeto Tribuna Popular na Câmara e pensamos em algo semelhante para a
Prefeitura: um Gabinete Popular, que recebe as lideranças comunitárias, ouve
suas reivindicações e encaminha soluções rápidas”, contou à reportagem
institucional o prefeito interino de Mossoró, como se estivesse ungido pela
certeza de que Cláudia jamais retornaria, e de que aquele seria o primeiro de
grandes atos.
E em
princípio foi. Uma vez empossado, Francisco José Júnior elevou ao quadrado as
certezas de eternidade que acometeu seu antecessor ao cumprir vasta agenda de
prefeito.
Foi a
circuito de futebol de dois bairros, visitou duas upas, foi à zona rural checar
projetos municipais, se reuniu com policiais militares, guardas municipais e
servidores, a quem levou a mensagem de tranquilidade que todos estavam ansiosos
por ouvir. Como de se esperar, divulgou seus feitos.
Tanta
disponibilidade para se expor à imprensa, contudo, não tem se registrado agora.
Desde o ínicio da semana que a reportagem do portalnoar.com tenta falar com os
dois vereadores. Com a prefeita Cláudia Regina, as tentativas foram várias com
sua assessoria de imprensa, que ficou de dar retorno, mas não cumpriu com a
palavra até a publicação desta reportagem, realçando, assim, as incertezas que
circundam Mossoró.
fonte portal noAr
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