O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN)
apresentou duas denúncias contra os investigados na chamada Operação
Forró, deflagrada em 4 de dezembro de 2013 e que combateu diversos
crimes relacionados à operação ilegal de jogos de azar em Natal,
sobretudo caça-níqueis e jogo do bicho. Ambas já foram recebidas pela
Justiça Federal. Ao todo, incluindo dois aditamentos também entregues,
40 pessoas foram denunciadas por ilícitos como contrabando, participação
em organização criminosa armada, corrupção ativa, passiva e “lavagem de
dinheiro”.
As denúncias são de autoria do procurador da República
Rodrigo Telles e deixam claro que “a 'Operação Forró' desbaratou duas
organizações criminosas: uma liderada por Maurício Alves de Barros e a
outra, por Vicente Paulo da Silva Neto – o Paulinho –, cada qual com
atividades criminosas próprias, mas excepcionalmente associadas entre si
no empreendimento da Rua Ilce Marinho, situado no Bairro de Ponta
Negra”, onde se localizava uma casa de jogos ilegais.
A
investigação que resultou na Operação Forró é reflexo de uma anterior,
que apurou lavagem de dinheiro proveniente de um esquema envolvendo os
mesmos jogos ilícitos. Através de escutas telefônicas, a investigação
mais antiga revelou que “Gilberto Tavares da Silva explorava jogos de
azar por meio do uso de máquinas caça-níquel e do jogo do bicho”,
auxiliado por um grande grupo de pessoas que passaram a ser
investigadas. Em agosto de 2012, Gilberto Tavares foi assassinado.
“O
fato levou tanto ao desmembramento dos negócios ilícitos do falecido
quanto a uma disputa por seu patrimônio”, aponta o MPF. De acordo com as
novas investigações, antigos sócios e alguns familiares de Gilberto
Tavares assumiram seus negócios. A operação do jogo do bicho foi
repassada posteriormente ao grupo chamado de os “cariocas”, liderados
por Maurício Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior, Marcelo
Alves de Barros e Eduardo Madureira da Silva.
Já a administração
das máquinas caça-níqueis ficou a cargo de um filho de Gilberto, Radmak
Freire da Silva, que se associou a Vicente Paulo da Silva Neto, o
“Paulinho”. Outros denunciados realizavam tarefas diversas dentro das
duas organizações criminosas, que contavam com proteção por parte de
alguns policiais militares e tinham entre suas práticas o pagamento de
propina a policiais civis, para que suas atividades não fossem
combatidas.
Operação
No último dia 13 de
novembro, a Polícia Federal realizou busca e apreensão na casa de jogos
da Rua Ilce Marinho, em Ponta Negra, na chamada “Operação Natal Feliz”,
no qual apreendeu 44 máquinas caça-níquel. Um laudo confirmou a
procedência estrangeira de todos os 89 componentes eletrônicos
existentes nesses equipamentos, reforçando a prática do crime de
contrabando.
A “Operação Forró”, deflagrada em 4 de dezembro,
resultou na apreensão de mais 83 máquinas de jogos ilegais, além de
documentos, aparelhos telefônicos, discos rígidos e outras mídias. A
Polícia Federal executou ainda a prisão temporária de vários
investigados e a condução coercitiva de outros envolvidos. No dia
seguinte, outras 21 máquinas foram localizadas, assim como 16 carcaças
destinadas ao mesmo fim e seis monitores de vídeo LCD.
Continuam
presos Maurício Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior,
Marcelo Alves de Barros, Eduardo Madureira da Silva, Roberto Nasi,
Vicente Paulo da Silva Neto, Afrânio Caldas Batista Filho, José Anselmo
Soares Filho, Wagner Miguel de Araújo Galvão e Lúcio Clênio Xavier
Bezerra.
Envolvidos
As ações penais
apresentadas pelo MPF trazem a transcrição de diversas conversas
telefônicas envolvendo os réus e que reforçam a prática dos crimes. A
primeira das denúncias incluiu originalmente 14 nomes pertencentes ao
grupo de Maurício Alves de Barros, conhecido como “Papai”, e recebeu na
Justiça Federal o número 0006276-37.2013.4.05.8400.
Além dele,
foram denunciados Maurício Alves de Barros Júnior; Marcelo Alves de
Barros; Eduardo Madureira da Silva, o “Dudu”; Walter Duque de Morais
Filho; Roberto Nasi; Diego Carvalho Borba; Carlos Eduardo Amaral Chaves,
o “Bin-Laden”; Francisco das Chagas Rodrigues Pereira, o “Macarrão”;
Wagner Miguel de Araújo Galvão; Leonard Guilherme Eira Mignac, o “Leo”;
Daniel Balby Moreno; Hamilton Silva de Souza; e Lúcio Clênio Xavier
Bezerra.
Na segunda peça foram denunciados inicialmente 12
integrantes do grupo de Vicente Paulo da Silva Neto, o “Paulinho”. Além
dele, Radmak Freire da Silva; Railton Tavares Ursulino; Marcos André
Estrela Santos, “Marquinhos”; Jefferson Rodrigues Lopes, o “Pernambuco”;
Afrânio Caldas Batista Filho; Jean D Carlo Bezerra Medeiros da Rocha;
João Luiz Luz Bezerra; José Anselmo Soares Filho; Robson Nunes dos
Santos, o “Robgol”; André Mário Dantas Siqueira; e novamente Lúcio
Clênio Xavier Bezerra, que aparece nos dois grupos. Esta ação penal
recebeu o número 0006306-72.2013.4.05.8400 na Justiça Federal.
Aditamentos
O
MPF encaminhou, ainda, dois aditamentos, no primeiro (relativo à ação
0006276-37.2013.4.05.8400) foi solicitada a inclusão dos nomes de mais
dez pessoas envolvidas com o grupo dos “cariocas”: Marcos André Estrela
Santos, “Marquinhos” (que já é réu na outra ação); André Luís Gomes dos
Reis; José Gileno de Almeida Júnior; Renato Silveira Câmara, Melissa
Carvalho de Barros; Edir Cássio Madureira da Silva; Izidra de Jesus
Moraes; Marília de Oliveira Nasi; Maria Lucilene da Fonseca Pinheiro; e
Grazielli da Apresentação Araújo Galvão.
Marcos André Estrela e
André Luís Gomes são citados em diversas interceptações telefônicas da
“Operação Forró” como sendo fornecedores das máquinas de jogos ilegais
aos dois grupos. “Marquinhos”, aliás, teria passado a ser sócio da casa
de jogos em Ponta Negra em outubro de 2012. Os demais, alguns dos quais
parentes de outros réus, tiveram participação variada no esquema,
atuando sobretudo para facilitar a movimentação dos recursos obtidos
ilegalmente.
O segundo aditamento (referente à ação
0006306-72.2013.4.05.8400) pede a inclusão de sete denunciados
relacionados ao esquema desenvolvido pelo grupo de “Paulinho”: Karlos
Frederico Assis Araújo, o “Gordo”; Nagério Fanoel da Silva Mendonça;
Juliana Carla Lúcio dos Santos; José Jaildo de Azevedo Júnior; Tatiane
Pontes de Medeiros; Rosemary Silva Caldas; e André Luís Gomes dos Reis,
este último citado também no outro aditamento.
As investigações
apontam que Karlos Frederico gerenciava estabelecimentos de jogos de
“Paulinho”. Nagério Fanoel, policial militar, prestava segurança ao
grupo. Juliana Carla participou do esquema de pagamento de propina a
policiais civis, enquanto as provas apontam que José Jaildo Júnior,
Tatiane Pontes de Medeiros e Rosemary Silva Caldas auxiliaram na lavagem
de dinheiro.
Confira quem foi denunciado por cada um dos crimes apontados.
Contrabando (art. 334, § 1º, alíneas “c” e “d”, do Código Penal):
Maurício
Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior, Marcelo Alves de
Barros, Eduardo Madureira da Silva, Walter Duque de Morais Filho,
Roberto Nasi, Carlos Eduardo Amaral Chaves, Francisco das Chagas
Rodrigues, Vicente Paulo da Silva Neto, Radmak Freire da Silva, Railton
Tavares Ursulino, Marcos André Estrela Santos, Jefferson Rodrigues
Lopes, Afrânio Caldas Batista Filho e Jean D Carlo Bezerra Medeiros da
Rocha, André Luís Gomes dos Reis, Marcos André Estrela Santos, João Luiz
Luz Bezerra e Karlos Frederico Assis Araújo.
Corrupção ativa (art. 333, parágrafo único, do Código Penal):
Maurício
Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior, Marcelo Alves de
Barros, Eduardo Madureira da Silva, Roberto Nasi, Wagner Miguel de
Araújo Galvão, Walter Duque de Morais Filho, Diego Carvalho Borba,
Leonard Guilherme Eira Mignac, Vicente Paulo da Silva Neto, Radmak
Freire da Silva, Afrânio Caldas Batista Filho, Jean D Carlo Bezerra,
José Anselmo Soares Filho e Juliana Carla Lúcio dos Santos.
Corrupção passiva (art. 317, caput e § 1º, do Código Penal):
Lúcio Clênio Xavier Bezerra
Lavagem de capitais (art. 1º da Lei nº 9.613/1998):
Maurício
Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior, Marcelo Alves de
Barros, Eduardo Madureira da Silva, Walter Duque de Morais Filho,
Roberto Nasi, Lúcio Clênio Xavier Bezerra, Wagner Miguel de Araújo
Galvão, Vicente Paulo da Silva Neto, Radmak Freire da Silva, Railton
Tavares Ursulino, Marcos André Estrela Santos, Afrânio Caldas Batista
Filho, Jean D Carlo Bezerra Medeiros da Rocha, Renato Silveira Câmara,
Marília de Oliveira Nasi, Grazzielli da Apresentação Araújo Galvão,
Maria Lucilene da Fonseca Pinheiro, José Gileno de Almeida Júnior,
Izidra de Jesus Moraes, Edir Cássio Madureira da Silva, Melissa Carvalho
de Barros, André Luís Gomes dos Reis, José Jaildo de Azevedo Júnior,
Tatiane Pontes de Medeiros e Rosemary Silva Caldas.
Organização criminosa armada (artigo 2º, caput, §§ 2º e 4º, incisos II e IV, da Lei nº 12.850/2013):
Maurício
Alves de Barros, Maurício Alves de Barros Júnior, Marcelo Alves de
Barros, Eduardo Madureira da Silva, Walter Duque de Morais Filho,
Roberto Nasi, Diego Carvalho Borba, Carlos Eduardo Amaral Chaves,
Francisco das Chagas Rodrigues Pereira, Wagner Miguel de Araújo Galvão,
Leonard Guilhereme Eira Mignac, Daniel Balby Moreno, Hamilton Silva de
Souza, Lúcio Clênio Xavier Bezerra, Vicente Paulo da Silva Neto, Radmak
Freire da Silva, Railton Tavares Ursulino, Marcos André Estrela Santos,
Jefferson Rodrigues Lopes, João Luiz Luz Bezerra, Afrânio Caldas Batista
Filho, Jean D Carlo Bezerra Medeiros da Rocha, José Anselmo Soares
Filho, Robson Nunes dos Santos e André Mário Dantas Siqueira, Izidra de
Jesus Moraes, Edir Cássio Madureira da Silva, Melissa Carvalho de
Barros, André Luís Gomes dos Reis, Karlos Frederico Assis Araújo e
Nagério Fanoel da Silva Mendonça.
Fonte: Procuradoria da República no RN
Nenhum comentário:
Postar um comentário