Por 17 votos a 15, o diretório municipal do Partido dos Trabalhadores
(PT) decidiu compor a base de sustentação do prefeito interino
Francisco José Júnior (PSD). Para amanhã está prevista uma reunião para
discutir em que bases serão firmadas essa aliança.
De acordo com o
presidente municipal do PT, Gilberto Diógenes, a agremiação não tem
interesse em cargos. A decisão de ontem foi no sentido de abrir mão da
candidatura própria para compor com o prefeito interino. "Não
reivindicamos secretaria alguma. Iremos compor com Silveira (como o
prefeito também é conhecido) em caso de eleição suplementar. Nessa
instabilidade não temos como querer cargos porque se trata de um governo
provisório", justificou.
O presidente do PT admitiu que no fim de
dezembro o prefeito interino chegou a oferecer o comando da Secretaria
Municipal de Saúde. "Quando Jacqueline (Amaral, ex-secretária) saiu a
vaga dela foi oferecida, mas agora ele colocou outra secretária e ele
não vai demiti-la por causa de acordo político", frisou.
Comenta-se ainda que foram oferecidas ao PT as pastas da Agricultura e Educação.
Outro
defensor da composição, o petista Nelson Gregório disse que um dos
fatores para a decisão é a necessidade de tirar Francisco José Júnior do
isolamento. "Por isso a nossa decisão foi importante", acrescentou.
Para
Íbero Hipólito a decisão de ontem não é definitiva. "Quem decide se o
partido tem ou não candidatura própria são os filiados", explicou.
Em
nota, o grupo que defendia uma candidatura própria em torno do vereador
Luiz Carlos (PT) disse que a legenda ao se aliar ao PSB tinha como meta
retomar a vaga na Câmara Municipal. "Superada a fase de retomada do
espaço do PT na Câmara, nosso propósito deve ser a de oferecer ao povo
de Mossoró a oportunidade de ter uma gestão, que inverta a prioridade de
ações e projetos estruturantes voltados para a maioria da sociedade,
como o PT tem desenvolvido junto com os aliados no plano nacional com os
Governos LULA, e agora o Governo DILMA. Os diversos e profundos
investimentos implementados em Mossoró nos credencia a apresentar uma
nova alternativa para a cidade vinculada com o projeto social aprovado
pela maioria dos brasileiros e em especial pelos mossoroenses", disse.
No
fim do documento, os petistas derrotados lamentaram a decisão.
"avaliamos como precipitado a participação do PT na atual gestão do
governo interino, dado à sua provisoriedade, bem como por não termos
clareza quanto ao seu perfil partidário, programático e ideológico, e
seus diversos atores, que ainda nutrem grande influência da gestão
passada da ex-prefeita Fafá Rosado do DEM, e agora recém-filiada ao
PMDB", concluiu.
Para a reunião de amanhã haverá uma comissão formada
por quatro integrantes: Gilberto Diógenes, Luiz Carlos e mais dois
membros das tendências.
Pela primeira vez o PT será situação em Mossoró
Pela primeira vez em quase 34 anos de existência, o PT vai fazer
parte de um governo em Mossoró. A legenda já chegou a ter dois
vereadores e disputou a Prefeitura de Mossoró em 1982, 1988, 1992, 1996,
2000 e 2004.
Com exceção de 1992 quando o hoje vereador Luiz Carlos
obteve mais de 6 mil votos, em todas as outras o PT teve menos de 5 mil
sufrágios.
Nas eleições de 2008 e 2012 o PT indicou o vice da chapa
encabeçada pela deputada estadual Larissa Rosado (PSB). Foram,
respectivamente, Tércio Pereira e Josivan Barbosa.
O curioso na
decisão de segunda-feira é que o grupo que defendeu a aliança com
Francisco José Júnior é o mesmo que há dois anos era a favor de uma
candidatura própria. Já o grupo que defendia uma aliança com o PSB foi o
mesmo que agora entendia uma candidatura do partido numa eventual
eleição suplementar.
Caso venha a indicar cargos no primeiro escalão,
o PT corre risco de ficar pouco tempo aliado do prefeito interino. É
que existe a possibilidade de retorno da prefeita afastada Cláudia
Regina (DEM) por meio de três liminares concedidas pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE).
Por enquanto a expectativa é de que um
eventual retorno só se configure no mês de fevereiro, quando a ministra
Laurita Vaz retoma as atividades na corte eleitoral.
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