Professores da rede estadual de Educação voltam a se reunir para
avaliar o movimento grevista. A assembleia será realizada às 8h30, na
sede da regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio
Grande do Norte (SINTE-RN).
Os docentes aguardavam até ontem, 20, o envio à Assembleia
Legislativa, de uma proposta de alteração no Artigo 45 da lei que
regulamenta a mudança de nível, prevista no Plano de Cargos, Carreiras e
Salários. Até as 14h de ontem, no entanto, o projeto de lei ainda não
havia sido encaminhado, segundo informou o coordenador regional do
Sinte, Rômulo Arnaud. Sem novidades que mudem o rumo do movimento, a
continuidade da greve é uma possibilidade que não está descartada pelo
sindicalista.
Através da Secretaria Estadual de Educação, o Governo não reconhece
as reivindicações do Sinte, segundo informou a secretária Betânia
Ramalho, acrescentando que a pauta faz parte de um projeto de reposição
dos direitos dos professores. "Não existe pressão nenhuma de sindicato
para fazer isso", afirma.
Segundo ela, a Secretaria de Educação já fez cinco encaminhamentos. O
primeiro deles é referente ao reajuste de 8,32%, que já foi repassado
ao Gabinete Civil e do órgão encaminhado para a Assessoria Jurídica; o
segundo diz respeito ao porte das escolas, que implica no aumento das
gratificações dos diretores, que também foi encaminhado ao Gabinete
Civil desde a semana passada. De acordo com Betânia Ramalho, o terceiro
encaminhamento é sobre a mudança das gratificações dos responsáveis
pelas Diretorias Regionais de Educação e Desporto (DIREDs) e por algumas
coordenações, o que elevará o salário desses profissionais para R$
3.200,00.
Já o quarto ponto diz respeito à Progressão Horizontal. De acordo com
Betânia Ramalho, essa progressão pressupõe avaliação do professor, mas
como nunca foi implantada nas gestões anteriores, a governadora
autorizou a concessão de uma letra a todos os professores, que passarão a
ser avaliados futuramente. Segundo Ramalho, isso vai representar um
aumento de, aproximadamente, 5% no salário dos docentes. Com relação às
letras que já deveriam ter sido concedidas, a secretária afirma: "O que
está para trás deve ser cobrado dos governos anteriores".
Rômulo Arnaud confirma que quando o Plano de Cargos Carreiras e
Salários foi criado, ficou definido que, para haver a mudança na classe
seria necessária uma avaliação. Foi definido o prazo de 880 dias para
regulamentação da avaliação e progressão, prazo concluído em 2006.
Porém, nada aconteceu. "Na verdade, nós temos direito a três letras",
diz ele, se referindo ao período de 2006 até hoje. Porém, se forem
somadas todas as letras o total, segundo Arnaud, chega a sete, o que
corresponde a, aproximadamente, 35% de reajuste no salário de vários
professores.
"Quando você assume o Governo, você assume o Estado", rebate o
coordenador do Sinte, sobre a responsabilidade do Estado de repor as
outras letras às quais os docentes têm direito.
O quinto ponto mencionado por Betânia Ramalho é a mudança no Artigo
45 do Plano de Cargos Carreiras e Salários dos professores, que está
sendo corrigido pelo atual Governo. Segundo ela, antes ao mudar de
nível, do mestrado para o doutorado, por exemplo, o profissional recebia
um acréscimo por isso, mas perdia uma letra, o que será corrigido com a
mudança no artigo.
"Tudo isso, todos esses projetos foram encaminhados para o Gabinete
Civil, que encaminhou para o setor Jurídico, que está trabalhando nisso
para encaminhar à Assembleia", afirma.
Com relação aos prazos, para que a proposta chegue à Assembleia, ela
afirma que a questão não depende mais da Secretaria. "Isso não é mais
com a Educação", diz ela. "Assim como o ponto, que vai ser cortado a
partir deste mês", complementa, afirmando ainda que o corte será feito
por orientação da Procuradoria Geral do Estado. "Não nos comprometemos
com prazos para o Sindicato. Por que não nos comprometemos com prazos?
Porque isso não é pauta do sindicato, é um projeto nosso", finaliza.
O discurso do Governo não está em sintonia com o da entidade
representativa dos docentes. "Primeiro é lamentar, porque, como ela não
recebe a gente, quem fala é outra pessoa", diz Rômulo Arnaud. Ele
argumenta que essa pauta é resultado de um acordo que já havia sido
firmado com o Governo. "Então o Governo não reconhece o acordo?",
questiona o sindicalista.
O coordenador sindical reforça que ficou claro que a proposta seria
enviada até ontem, 20, mas que até as 14h nada havia sido remetido à
Assembleia Legislativa.
Já em relação ao corte de ponto, Rômulo Arnaud finaliza: "Se o
Governo fizer isso não está só sendo irresponsável, está cometendo um
ato de ilegalidade". Segundo ele, a medida desobrigaria os professores a
repor os dias paralisados e seria ilegal tendo em vista que a greve não
foi considerada ilegal.
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