Por Ulisses Reis
Muitas vezes sendo colocado como o
pináculo da sede de poder, uma vez que constantemente lembrado pela
célebre frase “Os fins justificam os meios”, o renascentista Nicolau
Maquiavel, se vivo ainda fosse, deveria urgentemente ser contratado para
o assessoramento do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Por
incrível que pareça, a sua função seria tornar um pouco mais humana a
administração estadual potiguar.
Em verdade, o florentino jamais foi um
pregador do uso irrefletido da força, muito pelo contrário. Em seus
escritos, Nicolau fez da política uma ciência e tentou presentear
Lorenzo de’ Medici com o conhecimento prático acerca das melhores formas
de criar um Estado unificado politicamente e, a partir de então,
administrá-lo pacificamente, inclusive angariando o apoio da sua
população.
No penúltimo parágrafo do capítulo oitavo de sua obra, diz o florentino:
Qualquer semelhança com a realidade não poderá ser considerada mera coincidência.“De onde é preciso observar que, ao tomar um Estado, o conquistador deverá definir todas as crueldades que necessitará cometer, e praticá-las de uma só vez, evitando ter de repeti-las a cada dia; assim tranquilizará o povo, ao não renovar as crueldades, seduzindo-o depois com benefícios. Quem agir diferentemente, por timidez ou maus conselhos, estará obrigado a estar sempre de arma em punho, e nunca poderá confiar em seus súditos, que, devido às contínuas injúrias, não terá confiança nos governantes”.
Claro que, em tempos atuais, a ideia dissecada no parágrafo anterior deve ser levada em consideração metaforicamente.
Em 2011, ao receber um Governo Estadual
provindo de uma Administração oposicionista à sua, Rosalba e os seus
comandados certamente deveriam tomar algumas medidas que, dependendo do
ângulo de visão do expectador, soariam impopulares. Contudo, Maquiavel
foi claro em dizer que essas ações – imprescindivelmente – haviam de ser
executadas no mais breve tempo possível, pois a repetição delas
tornaria os súditos inflamados.
Pois não é que o Governo do Estado faz
justamente o contrário?! Todas as classes desta unidade federativa, seja
a de servidores públicos, a empresarial e até mesmo os empregados do
setor privado têm diversos motivos para se queixar de Rosalba e dos
seus. Inclusive os aliados políticos da ‘Rosa’, ao que parece, estão
enveredando para largar o barco.
Em episódio recente, a gestora chegou ao cúmulo de acusar de irresponsável um médico que, cumprindo um dever social e profissional, tentou salvar uma vida e, no exercício do seu ato, sequer detinha um fio de aço para suturar o paciente.
Até o momento, o Governo do Estado vem
continuamente realizando medidas impopulares que resultam no desgosto da
opinião pública. Os “súditos” da Rosa, retirando, por óbvio, aqueles
que efetivamente não querem enxergar o óbvio, estão se inflamando e
contando as horas para ver a derrocada de sua gestão.
Aqueles que nunca votaram em seu grupo,
mas assim o fizeram para o Governo do Estado por simpatizar com uma
mossoroense naquele pedestal, são os mais insatisfeitos com tamanho
horror.
É, se Maquiavel, e não Ravengar, fosse o
Conselheiro-Mor da Rosa, talvez esses problemas todos não estivessem
ocorrendo, pois ele teria diversas maneiras práticas de contornar os
conflitos existentes no Rio Grande do Norte. Contudo, a habilidade
política do florentino não renasceu no sangue dos atuais gestores
estaduais, o que repercute no sofrimento do nosso povo.
Uma dica: leiam Maquiavel.
Ulisses Reis é advogado
do blog carlos santos
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