A gestão da governadora Rosalba Ciarlini, do DEM, comprou uma briga
com os trabalhadores da saúde ao instalar pontos eletrônicos em
hospitais públicos. Rosalba não esperava que a ferramenta, que visava
dar maior controle ao funcionalismo público, seria falsificada e
fraudada pela própria irmã, Ruth Ciarlini, ex-vice prefeita de Mossoró.
Pelo menos, foi isso que confirmou o Ministério Público do RN, que nesta
sexta-feira denunciou a irmã de Rosalba por fraude e falsificação,
junto a outros envolvidos no esquema.
“Confirmou”, porque, na verdade, a investigação não foi feita pelo MP
e sim pela Polícia Civil, que deflagrou a operação que ficou conhecida
em Mossoró como “Ponto Final” – referência a fraude no ponto eletrônico.
O teor do inquérito policial, que já havia sido revelado pel’O Jornal
de Hoje no início do ano, foi corroborado pelo MP, que transformou o
inquérito em denúncia ofertada a Justiça nesta semana.
As investigações tiveram origem em notícia, veiculada pela imprensa
de Mossoró e que davam conta de que Ruth Ciarlini, após deixar a
vice-prefeitura de Mossoró, estaria recebendo por plantões eventuais sem
prestá-los. Isso aumentava consideravelmente o salário da irmã da
governadora e causava, claro, um prejuízo aos cofres públicos, inchando a
folha de pagamento, um dos gastos que o Governo Rosalba mais reclama.
Na época, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) abriu uma
sindicância interna para apurar a irregularidade, assim como a Polícia
Civil. No caso da investigação interna, Ruth Ciarlini, segundo informou a
assessoria de comunicação da Sesap, Ruth foi “condenada”, tendo a
irregularidade registrada em sua ficha e sendo obrigada a devolver o
dinheiro – a defesa da governadora negou que isso tenha acontecido.
A Polícia Civil continuou a investigação e encontrou outros
envolvidos: Eider Barreto de Medeiros, Rosângela Almeida Moreira Carioca
e Margareth de Paiva Cavalcante, além da própria Ruth Ciarlini. Todos
são servidores do Hospital Regional Tarcísio Maia.
Na denúncia oferecida perante a 4ª Vara Criminal, o Ministério
Público aponta que Eider Barreto de Medeiros, diretor-geral do HRTM,
encaminhou à polícia civil, no curso das investigações, folhas de
frequência inexistentes à época da requisição, posteriormente
“fabricadas” para subsidiar a resposta à autoridade policial.
Já Rosângela Almeida Moreira Carioca, chefe de Divisão do Setor de
Serviço Social do HRTM, foi a responsável pelo preenchimento das folhas
de frequência retroativas. A tais denunciados foi imputado o crime
tipificado no artigo 347, parágrafo único, do Código Penal (fraude
processual).
Ainda nos termos da denúncia, Ruth Alaíde da Escóssia Ciarlini e
Margareth de Paiva Cavalcante, assistentes sociais do HRTM, preencheram
falsamente o Livro de Registro de Ocorrências do Serviço Social (Setor
das Clínicas) e registraram falsamente a presença no ponto eletrônico em
dias nos quais não compareceram ao trabalho. As servidoras foram
denunciadas pela prática do delito de falsidade ideológica majorada
(artigo 299, parágrafo único, do Código Penal).
Investigação continua
O Ministério Público prosseguirá nas investigações de outros fatos
que, em tese, configuram crimes, em relação aos quais há necessidade de
aprofundamento da prova até o momento reunida no inquérito policial.
HOSPITAIS DE MOSSORÓ
É importante lembrar que as irregularidades no Hospital Tarcísio Maia
não foram as únicas polêmicas envolvendo a saúde durante a gestão
Rosalba Ciarlini. A ex-prefeita de Mossoró, que é médica por formação,
também é alvo de uma ação civil pública por improbidade administrativa
por prejuízo ao erário causado pelo contrato de terceirização no
Hospital da Mulher, inaugurado em 2011. Teriam sido pagos de forma
irregular mais de R$ 11 milhões.
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