O vice-governador Robinson Faria (PSD) não excluiu os Alves da
política, como afirmou o ministro da Previdência, Garibaldi Filho
(PMDB), em entrevista ao Jornal de Hoje, nesta terça. Quem tentou fazer
isso foi o próprio deputado federal Henrique Eduardo Alves e o ministro
Garibaldi Filho, quando votaram contra o prefeito de Natal, Carlos
Eduardo Alves (PDT), na eleição passada, em 2012. A afirmação é do
deputado estadual José Dias (PSD).
Segundo o parlamentar, ao afirmar, na convenção do PSD, domingo, que o
povo do RN não aguenta mais Alves e Maia na política do RN, Robinson
usou figura de retórica, que é aceita pelo público presente a uma
convenção partidária. “Isso não significa nenhum julgamento de valor
moral em relação aos membros dessas famílias. Garibaldi sabe e é
inteligente, sabe que é isso aí”, afirmou o deputado, classificando a
resposta do ministro como “simplista, porque simplificou o negócio, com
apenas intuito político”.
“Aí tudo bem. Da mesma forma que é legítimo, o que Robinson disse sob
o ponto de vista político, é legitimo o que Garibaldi disse sob o ponto
de vista político”, completou o parlamentar, acrescentando que Robinson
não tem qualquer interesse de excluir os Alves da política, como
afirmou Garibaldi. “Porque há dois anos ele, eu e o PSD todinho
estávamos aqui defendendo Carlos Eduardo para prefeito. Carlos é Alves.
Então não tem. Garibaldi é quem estava contra Carlos, não éramos nós,
não”.
Segundo José Dias, “quem fez tudo e mais alguma coisa para excluir
Carlos Eduardo da política foi Henrique, que é primo dele”, afirmou. “E
nós rezamos muito para iluminar os magistrados, rezamos muito. Eu rezei
muito, para reconhecer o direito de Carlos, que foi reconhecido, contra a
vontade de Henrique”, disse.
Portanto, segundo José Dias, “não existe esse negócio de ser
pessoal”. Para ele, as declarações, tanto de Robinson, como de
Garibaldi, “são colocações que as pessoas fazem no momento político, e
que, na realidade, correspondem ao que o povo quer ouvir”, disse.
José Dias avançou na crítica a Garibaldi. Segundo ele, Garibaldi já
disse coisas que podiam ser interpretadas como uma discriminação, e que,
na realidade, no coração dele, não era. “Era um gesto político que tem
que cometer”.
COMPARAÇÃO
Para ilustrar, o pessedista citou um exemplo da eleição para prefeito
de Natal de 2004, quando Carlos disputou contra o então deputado
estadual do PSDB Luiz Almir: “Não deveria dizer, mas vou dizer. Ele
comparou Luiz Almir e Carlos Eduardo e disse que votava em Almir porque
era melhor que Carlos”, contou Dias.
De acordo com Dias, são “coisas que as pessoas dizem na emoção do
momento, na empolgação dos comícios, na expectativa das pessoas que
estão lá, que querem ouvir. Não vejo como discriminação, preconceito. Eu
digo até que Robinson tem Garibaldi em alto conceito. Ele pode até
discriminar, mas para elevar Garibaldi. Se ele pudesse ser acusado de
discriminar, era achando que Garibaldi é realmente uma grande pessoa”.
MESQUINHA
Sobre as palavras de Garibaldi considerando que as declarações de
Robinson soaram mesquinhas, José Dias rebateu afirmando estranhar tal
linguagem saída da boca de Garibaldi. Para ele, “nem corresponde à
linguagem dele”.
Dias afirma que Garibaldi sempre foi ameno e cortês no tratamento das
pessoas. “Já a declaração política não pode ser conceituada nesse
campo, da mesquinhez. Está mais em outro campo, da esfera pessoal, e não
na esfera pública. E o que me surpreende é que essa não é a linguagem
de Garibaldi”.
Ainda diferentemente do que afirmou o ministro da Previdência,
Garibaldi Filho, que questionou o discurso, segundo ele, maniqueísta do
vice-governador Robinson Faria, no sentido de se colocar como salvador
da pátria, José Dias disse que quem está se portando como salvador da
pátria é o candidato de Garibaldi, o presidente da Câmara dos Deputados,
Henrique Alves.
Porém, segundo José Dias, ao que parece, a família Alves escolheu o
“candidato errado” para a disputa pelo Governo. “Os Alves escolheram o
candidato errado”, afirmou ele, ressaltando que essa era uma candidatura
imposta. “A imposição nós não acreditamos”, ressaltou o parlamentar.
Para José Dias, o atual presidente da Câmara “nunca foi um bom
administrador, sempre foi um bom prestidigitador, faz mágica, mas quando
se vai atrás, não existe. Não acontece nada. Não precisamos de mágica,
mas de trabalho comum e normal”.
“Eu não sei se Robinson está se postando como salvador da pátria. Eu
também, como Garibaldi, não acredito em salvador da pátria. E eu sou
contra o acordão, porque o salvador da pátria está lá no acordão, que se
diz poderoso, homem que vende proteção, facilidade. Aí sou
filosoficamente contra salvador da pátria. Não acredito que exista, só
acredito em salvador das almas, que foi o Cristo. Os outros são de
infantaria, não existem”, disse José Dias. “Só Cristo foi o salvador das
almas, e não se declarou salvador da pátria. Salvador da pátria, quem
se declara, é o candidato do acórdão, Henrique. O RN, na linguagem dele,
só sobreviverá com ele. Ele é o provedor de tudo. Salvador da pátria é
isso. Quem se considera provedor. Robinson nunca se declarou provedor de
nada. Robinson é normal”.
Segundo José Dias, é uma prova que Robinson não pode ser considerado
mesquinho, como afirmou o ministro da Previdência, porque chegou a dizer
ao próprio Garibaldi, no processo pré-eleitoral, que retiraria sua
candidatura para apoiar o ministro, caso este fosse o candidato do PMDB a
governador. “Quem teve o gesto de dizer isso a ele, não é mesquinho
não”.
GOVERNOS
Ainda ao se referir às palavras de Garibaldi, que apontam o sucesso
de governos como Aluizio Alves, no estado, dele próprio, do tio Agnelo
Alves, em Parnamirim, e do primo Carlos Eduardo, em Natal, José Dias
concordou em parte. O pessedista reconhece Aluizio como o governador
mais revolucionário do RN e o próprio Garibaldi como um bom governador.
No entanto, apontou, indiretamente, uma contradição política do
ministro, ao hoje estar ao lado de quem, durante seu governo, foi contra
e “até desleal” contra ele.
“Acho que Aluízio foi o maior político da história do RN. O RN
moderno quem fundou foi Aluizio Alves. Garibaldi foi um bom governador.
Não teve essa função revolucionária que Aluizio teve, mas fez um bom
governo. Se não fosse o governo dele, nós viveríamos um drama maior com
as secas. Com o combate, até desleal, das pessoas que dominam o DEM e o
PSB, Garibaldi conseguiu fazer um grande governo. Chegou a um nível de
investimento de 10% dos recursos orçamentários. Isso com campanha
virulenta das pessoas que hoje são donas do DEM e donas do PSB. Então
acho que Garibaldi foi um grande governador”, afirmou. Quem controla o
DEM e o PSB são hoje o senador José Agripino e a vice-prefeita de Natal,
Wilma de Faria, aliados de Henrique e Garibaldi nessas eleições de
outubro.
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