Ao anular o diploma dado à governadora Rosalba Ciarlini (DEM) pela
eleição ao governo em 2010, na semana passada, o Tribunal Regional
Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE) agiu em consonância com a vontade
popular. Essa é a opinião do deputado estadual José Dias (PSD),
presidente da Comissão de Finanças e Fiscalização da Assembleia
Legislativa.
Em entrevista ao Jornal de Hoje, José Dias disse não adentrar na
discussão jurídica envolvendo a conduta vedada da governadora na eleição
passada para prefeita de Mossoró, na qual ela foi acusada de abuso de
poder político e econômico e uso da máquina administrativa para fazer
campanha para sua candidata, Cláudia Regina (DEM).
No entanto, segundo o parlamentar, o país está adotando através de
seus tribunais, interpretações históricas da lei, como no caso do
Mensalão, quando ex-ministros da cúpula nacional do PT, banqueiros e
parlamentares foram presos e hoje começam a cumprir penas em presídios.
“Confesso que não entro na discussão jurídica, de dizer que a lei
permite ou não permite, porque o direito enseja interpretação. No
entanto, a interpretação hoje que está nascendo, que é algo até
revolucionário, é que os tribunais podem interpretar a lei de acordo com
um momento histórico, uma consciência histórica, que foi o que foi
feito no julgamento do Mensalão”, disse José Dias.
Neste sentido, José Dias disse que, ao afastar Rosalba do cargo, na
semana passada, a Justiça Eleitoral “sancionou” uma decisão que o povo
já tomou, haja vista a desaprovação do governo, que, segundo divulgou o
Ibope na semana passada, é bem avaliado por apenas 7% da população.
“Pesquisas feitas no RN confirmam isso, e as observações que fazemos é
essa. Acho que o governo ainda tem muito, 7% de aprovação. Porque o
governo é um desastre completo”, disse. “O TRE, sob o aspecto político,
de respeito à soberania popular, agiu absolutamente consonante com a
opinião pública. O tribunal não cassou a vontade popular, porque a
vontade popular já não quer mais Rosalba no governo. Esse é um fato que
deve ser muito bem considerado”, declarou.
Quanto ao TSE, que sustou, provisoriamente, o afastamento da
governadora, José Dias disse que a decisão da ministra Laurita Vaz foi
meramente política. “No TSE, medida liminar é muita precária. Primeiro
porque não entra no mérito. Foi uma decisão absolutamente política,
porque a própria ministra diz, através dos jornais, que concede a
liminar para evitar a mudança de poder, a instabilidade no comando no
poder. Então ela não entrou em considerações jurídicas, dizer que foi
errado ou certo, disse apenas que na visão dela não se deve promover
alteração no poder”, constata Dias.
Ainda segundo José Dias, não há como saber qual será o resultado,
quando o TSE irá se pronunciar através da votação em plenário de todos
os ministros, após a relatora, ministra Laurita Vaz, apresentar seu
relatório. “Não tem como saber, como vai ser lá na frente, não tem
mesmo. Porque o tribunal não se pronunciou. Isso foi apenas uma decisão
monocrática, de caráter liminar”.
“Temos absoluta tranquilidade para fazer o impeachment”
O deputado José Dias também se pronunciou sobre a possibilidade de
abertura de um processo de impeachment contra a governadora Rosalba
Ciarlini na Assembleia Legislativa. Segundo o deputado, do ponto de
vista político, o impeachment está respaldo pela concordância da opinião
pública. No aspecto jurídico, segundo Dias, também há razões seguras
para o afastamento da governadora, com base na condenação, confirmada
pelo Tribunal Regional Eleitoral na semana passada.
“Eu acho que, sob o ponto de vista político, o respaldo é absoluto,
com a opinião pública totalmente contra o governo. Agora, eu acho que,
também juridicamente, nós temos absoluta tranquilidade para fazer o
impeachment, desde que seja formulado. Razões existem totais, ninguém
discute. Essa condenação (do TRE) confirma, dá suporte total para um
processo de impeachment. Porque, por coisas menos graves do que essa
alguns já foram cassados”, diz, se referindo ao impeachment do
ex-presidente Fernando Collor de Melo, em 2002. “Collor que foi cassado
por uma Elba, avalie Rosalba por um avião”.
Segundo José Dias, para tramitar na Assembleia, o pedido de
impeachment deve ser assinado por qualquer pessoa ou instituição. “Acho
que não deve ser um deputado, porque ele fica impedido de votar. Claro
que há expectativa que instituições democráticas, que defendem o povo,
se pronunciem. Essa que é a expectativa”.
No mês passado, integrantes do Sindicato dos Profissionais de Saúde e
vereadores de esquerda assinaram um pedido de impeachment da
governadora. O processo foi instaurado, mas recebeu parecer pela
rejeição da Comissão de Constituição e Justiça. Relatório do deputado
Hermano Morais (PMDB) considerou a fundamentação jurídica fraca, mas
defendeu criação de uma comissão formada por deputados.
do portal JH
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