terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Professores podem nem iniciar ano letivo

A Secretaria Estadual de Educação já foi informada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Rio Grande do Norte (SINTE/RN) sobre a decisão de indicativo de greve para o dia 22 de janeiro. No ofício enviado pela entidade constam nove pontos que foram acordados pelo próprio Governo do Estado na última greve dos professores, mas que até agora não foram cumpridos pelo Executivo.
Nesta data, a categoria se reúne em Natal para deliberar. O dia de início da greve - se esta for a decisão - será definido na assembleia. Posteriormente, as regionais do Sinte farão seus encontros para acompanhar ou não a decisão tomada em âmbito estadual.
No mesmo dia, 22 de janeiro, é quando tem início a Semana Pedagógica na rede estadual de ensino em preparação para o ano letivo de 2014.
"Nós poderemos entrar numa greve cobrando que o Governo cumpra os acordos da outra greve", critica Rômulo Arnaud, coordenador geral do Sinte, acrescentando que todos os pontos foram acertados pelo próprio Governo, inclusive com a participação do Ministério Público e Justiça Estadual.
Segundo o ofício enviado pelo Sinte, os pontos ainda não cumpridos incluem: instalação de uma comissão para proceder à revisão do plano de cargos, carreira e remuneração do magistério e encaminhar à Assembleia Legislativa para votação do texto revisado. Além disso, o Governo não enviou à Assembleia projeto de lei referente à publicação e pagamento de uma letra aos professores; não encaminhou projeto de lei que trata do redimensionamento do porte das escolas e correção na gratificação dos diretores e vice-diretores à Assembleia; não modificou a portaria 731/2013; não enviou à Assembleia projeto de lei que modifica a lei 322/2006 que diz respeito à permanência da letra quando ocorrer a promoção vertical e não estabeleceu o mecanismo para a concessão das licenças prêmios.
No documento ainda consta as pendências: falta de apresentação de cálculo para solucionar o déficit dos 0,26%, referente ao percentual de Correção Salarial 2013; a falta de discussão e criação de uma complementação salarial para garantir aos funcionários da educação a compensação da tabela salarial oriunda da lei 432/2010 e, por fim, a não convocação de professores em número suficiente para o preenchimento de cargos e atender a demanda dos alunos.
A secretária Estadual de Educação, Betânia Ramalho, critica a postura do Sindicato, afirmando que o mesmo tem sempre uma pauta inesgotável. Ela alega que de setembro de 2011 a janeiro de 2013 o Governo ofereceu 76,82% de reajuste à categoria, recuperou promoções verticais, quinquênio e aposentadorias, promoveu a reordenação da rede e da carga horária dos professores, promoveu concurso para contração de 3.900 profissionais da Educação e instituiu o Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc).
Segundo Betânia Ramalho, falta a progressão horizontal, que pressupõe avaliação. "A governadora prometeu que todo mundo ganharia uma letra. Isso ainda não foi possível, mas nós vamos implantar", afirma.
Com relação ao porte, que prevê a revisão das gratificações dos professores segundo o porte das escolas, ela diz que a medida pressupõe envio de uma lei para a Assembleia e que o documento está no Gabinete, mas ainda não foi enviado por falta de condições financeiras.
Betânia Ramalho duvida que a categoria possa iniciar um movimento paredista. "Uma greve não cabe", afirma. "Eles não têm nem poder de mobilização", acrescenta. Ela defende que o SIGEduc é a prova de melhorias e afirma que o Sindicato quer realizar greve pela retirada de profissionais que faziam parte da diretoria. "O governo prometeu, mas não dá para fazer tudo em três anos", finaliza.
Rômulo Arnaud lembra que o prazo dado pelo Governo para o cumprimento das reivindicações da categoria foi encerrado em outubro. Ele reforça os pontos de pauta que ainda não foram alcançados e diz: "Tudo isso até o mês de outubro e até agora não fez. Nem um dos pontos o Governo cumpriu", comenta Arnaud, excetuando apenas a reordenação da carga horária dos professores.
"É dever do Estado fazer a avaliação e ele não avaliou", rebate.
Com relação ao SIGEduc, Arnaud afirma: "É óbvio que a gente sabe que tudo precisa ser informatizado". Segundo ele, no entanto, apesar das vantagens, o sistema possui alguns problemas.
Arnaud reforça a falta de professores nas instituições de ensino do Estado, quadro que, segundo ele, está presente na maioria das escolas e não é apenas pontual, como diz o Governo.
"Nós estamos indo às escolas, a gente sente uma indignação muito grande, mas também sente um cansaço muito grande", afirma o coordenador sindical, crente em uma reação por parte da categoria.


gazeta do oeste

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