Parece que já virou rotina: assunto polêmico, escândalo eleitoral e
silêncio da governadora Rosalba Ciarlini, do DEM. Afinal, assim como fez
quando condenada pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e afastada do
cargo por usar a máquina pública estadual, Rosalba decidiu que não vai
comentar a polêmica matéria publicada pela revista IstoÉ nesta semana,
relatando o caixa 2 que a beneficiou na campanha eleitoral de 2006 e,
ainda, as suspeitas de favorecimento por parte do Governo à empresa que
tinha o senador José Agripino, presidente nacional do DEM, como sócio.
“Não é o momento de falar essas coisas, porque hoje é o dia de
celebrar o nascimento do Menino Jesus e contemplar a Arena das Dunas”,
afirmou a governadora Rosalba Ciarlini durante a entrevista coletiva
concedida no novo estádio de futebol que receberá os jogos da Copa do
Mundo de 2014.
A atitude de “não falar de coisas ruins” e utilizar o local como
“justificativa” foi a mesma tomada por Rosalba depois de conseguir um
mandado de segurança que a garantiu no cargo mesmo com a condenação no
TRE. “Vamos falar agora dos jogos e do esporte? Os jovens estão
esperando para receber as homenagens”, disse a governadora quando
questionada se a decisão do Tribunal havia mudado alguma coisa no futuro
político dela.
O evento de Atleta Ouro onde Rosalba fez tão declaração era a
“reaparição” dela depois de três dias de reclusão na residência oficial
do Governo, motivada pela condenação no TRE.
“Nós vamos continuar trabalhando. O que passou, passou. Daqui para
frente, sempre mais trabalho pelo nosso Estado e desejando a todos um
Feliz Natal e um ano novo de muitas realizações”, acrescentou a
governadora, naquela oportunidade, após ser perguntada pela repórter
Carolina Souza.
A condenação ali foi motivada pelo uso da máquina pública estadual,
mais precisamente o avião oficial do Governo do Estado, na campanha da
candidata apoiada por ela, Cláudia Regina (DEM). Rosalba, por ter
perdido o prazo do recurso, ficou inelegível por oito anos e, por
entendimento do Tribunal Regional Eleitoral, foi afastada do cargo e
passou três dias sem agenda oficial, apenas despachando de casa.
A polêmica desta semana é outra. Faz referência não a campanha de
outros, mas sim da própria Rosalba Ciarlini, quando ela foi candidata ao
Senado Federal em 2006. Os áudios descritos pela revista IstoÉ, por
sinal, são os mesmos que O Jornal de Hoje publicou no início do ano e
que a governadora, também, se recusou a comentar, deixando tal trabalho
para os advogados.
Nesses áudios, por sinal, é possível ouvir o marido de Rosalba,
Carlos Augusto Rosado, conversando com o contador Galbi Saldanha e
discutindo o que parece ser estratégias para a regularização de dinheiro
por meio de Caixa 2. Por isso, agora, o MPF decidiu desarquivar o
inquérito e continuar as investigações que podem render um novo processo
contra a governadora. (CM)
José Agripino também silencia sobre acusação de tráfico de influência da revista IstoÉ
O senador José Agripino Maia, presidente nacional e estadual do DEM,
silenciou sobre a acusação, feita pela revista Isto É, de que ele teria
feito tráfico de influência em favor da Empresa Industrial Técnica
(EIT), conforme reportagem veiculada na semana passada. Através de
declarações concedidas a setores da imprensa ligados ao agripinismo e ao
rosalbismo, o democrata não falou sobre desdobramentos ligados à
governadora Rosalba Ciarlini.
A IstoÉ trouxe matéria ligando o fato de a EIT ter negócios com o
governo Rosalba ao fato de Agripino ter sido sócio da empresa até
recentemente. Para completar, a revista cita que a EIT realiza obras
importantes para o governo Rosalba, como o Contorno de Mossoró, e que em
2013 já abocanhou mais de R$ 150 milhões em contratos com o governo do
DEM no RN. O fato de José Agripino ter recebido R$ 550 mil em doações da
EIT na campanha eleitoral de 2010, quando ele concorreu ao Senado,
também foi lembrado pela revista.
Sobre a reabertura do caso que dá conta de Caixa 2 na campanha de
2006, que elegeu a ex-prefeita de Mossoró, Rosalba Ciarlini, ao cargo de
senadora da República, José Agripino atribuiu aos adversários do DEM, o
que seria uma reação à atuação do parlamentar nacionalmente no caso do
Mensalão.
Agripino disse que, além do caso ser requentado, ele possui um recibo
que legaliza a doação que ele fez durante a campanha. “É uma tentativa
clara de desviar atenção com acusações frágeis que não se sustentam.
Tenho o recibo de uma doação legal feita pelo então PFL – que nem DEM
era ainda – ao candidato a deputado estadual Salatiel de Souza. Matéria
requentada fruto do efeito Mensalão”, declarou.
Além de reabrir o caso do Caixa 2 do DEM potiguar, a revista IstoÉ
também informa que a Polícia Federal estaria investigando o senador José
Agripino, juntamente com a própria governadora Rosalba Ciarlini. A
participação de Agripino, do DEM, e da governadora Rosalba Ciarlini, em
suposta parceria com o empresário Edvaldo Fagundes, na campanha de
Mossoró, também foi citado pela revista.
Fagundes é acusado de sonegar mais de R$ 400 milhões através das suas
empresas. Parte dos recursos serviria para abastecer as campanhas
eleitorais do DEM no Rio Grande do Norte. Segundo o Ministério Público,
cerca de R$ 2 milhões teriam sido utilizados pelo empresário na campanha
de Claudia Regina. (AV)
do portal JH