Em aparente isolamento político provocado pelo seu ex-principal aliado,
o PMDB, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) acompanha – sem se
pronunciar – a peleja dos peemedebistas para dar vazão à tese de
candidatura própria. Até agora, dos quatro nomes especulados, todos
negaram intenção de disputar o Governo do Estado: o ministro da
Previdência Social, senador licenciado Garibaldi Alves Filho, o
presidente da Câmara Federal, Henrique Eduardo Alves, o deputado
estadual Walter Alves e o ex-senador e empresário Fernando Bezerra. Dos
que estão no bojo das especulações, sobrou apenas o ex-governador e
ex-senador Geraldo Melo para salvar o discurso do PMDB. Geraldo,
contudo, não está em alta politicamente. A esposa dele, Ednólia Melo –
ex-prefeita de Ceará-Mirim – não elegeu o sucessor em 2008 e foi
derrotada em 2012. Agora, com o discurso de que é preciso projetar o Rio
Grande do Norte para 20 anos – conforme discurso de Henrique Alves –
Geraldo Melo ressurge das cinzas e, até o momento, figura como o único
que teria interesse na disputa majoritária.
Ocorre que ao propagar discurso de renovação, de que é preciso um
governante que recupere a imagem do Rio Grande do Norte e concretize
projetos para o futuro, o PMDB esqueceu o principal: combinar com a
história política do próprio RN. Dos nomes postos, nenhum atenderia aos
adjetivos elencados durante a reunião realizada na semana passada e que
culminou com o rompimento político da legenda com a governadora Rosalba
Ciarlini e, consequentemente, com o Democratas potiguar. Embora o
presidente nacional do DEM, José Agripino Maia, insista na tese de que é
possível o seu partido se aliar ao PMDB à formação da chapa
proporcional.
A análise que se pode fazer é que o PMDB não tem tanta certeza de que
sairá com uma candidatura própria ao Governo do Estado. É que, a partir
do momento em que suas principais lideranças negam interesse, passa a
ideia de que temem alguma coisa. E vem a dúvida: o que o PMDB teme?
Enfrentar a governadora Rosalba Ciarlini? O desgaste de uma candidatura
antecipada e vivenciar o que passou em 2006, quando Garibaldi Filho era
tido como governador de férias e foi derrotado duas vezes pela então
governadora Wilma de Faria (no primeiro e segundo turnos)? As respostas
ainda não são possíveis.
Contudo, pelo desenrolar futuro dos emaranhados políticos provocados
pela decisão do PMDB, já se vislumbra que o plano não saiu totalmente
como o esperado. Primeiro porque o PR não seguiu a lógica peemedebista e
adiou para outubro a reunião que decidirá os rumos da legenda. O
segundo ponto diz respeito à manutenção de uma aliança com o DEM quando o
PMDB está rompido com a governadora democrata.
São teses que, com análise aprofundada, externam posicionamento dúbio
de todos os lados. Do PMDB: não faz sentido se projetar a discussão de
candidatura própria ao Governo quando todos negam interesse e tal
situação remete à afirmação de que os peemedebistas tendem a apoiar nome
de outro partido. Caso venha a se concretizar, cai por terra a história
de falta de diálogo e se efetiva a tese de que o PMDB se afastou do
governo Rosalba Ciarlini para evitar ser pego pela onda negativa
administrativa por qual passa a gestão estadual.
Além disso, não faz sentido negação sistemática de candidatura (por
parte de Garibaldi, Henrique e Walter Alves), pois o principal motivo
foi de que o PMDB teria candidato próprio. Com isso, surge outra
especulação: a de que o rompimento do PMDB com o governo Rosalba não
teria se dado por questões políticas administrativas. E sim pessoais, as
quais envolveria o secretário do Gabinete Civil, Carlos Augusto Rosado,
Garibaldi Filho e Walter Alves.
Nomes do PMDB
Garibaldi Alves Filho – Governador duas vezes e está
no segundo mandato no Senado Federal. Ele renovou o mandato de
governador em plena suspeição relacionada à venda da Cosern
Geraldo Melo – Foi governador e senador. Na sua
passagem pelo Governo, a marca negativa foi o tratamento dispensado aos
professores. Era do PSDB, mas perdeu o comando da sigla tucana para
Rogério Marinho. Encontrou apoio no PMDB
Henrique Eduardo Alves – Está no décimo primeiro
mandato na Câmara Federal. Ocupa atualmente a presidência da Casa.
Tentou ser prefeito de Natal e governador do RN sem êxito.
Walter Alves – Está no segundo mandato na Assembleia Legislativa. Aos 33 anos, não teria idade suficiente para a disputa majoritária.
Carlos Eduardo Alves – Foi deputado estadual,
vice-prefeito e prefeito de Natal. Retornou à Prefeitura da capital em
2012. Em 2010 se candidatou ao Governo do Estado, sem êxito.
Carlos Eduardo, a solução caseira os Alves
Sem nome disposto à disputa pelo Governo do Estado, o PMDB trata de
procurar suporte na família para desatar o nó dado pelo rompimento
político com o governo da democrata Rosalba Ciarlini. Como Garibaldi
Alves, Henrique Alves e Walter Alves não querem admitir publicamente o
desejo da disputa majoritária, além do fator de que lançar Geraldo Melo
seria contrastar a tese de renovação com um candidato das antigas – os
peemedebistas começam a buscar alternativas caseiras. Ou melhor:
familiares.
O prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), tem sido sondado pelos
primos que comandam o PMDB. Na terça-feira passada, o prefeito se
encontrou em Brasília com o ministro Garibaldi Filho e postou, em sua
conta pessoal no Twitter, que o papo sobre política predominou.
Carlos Eduardo, que disputou o Governo do Estado em 2010, só retornou à
Prefeitura de Natal em 2012 e sabe que, caso aceite a oferta do PMDB,
tal projeto não tende a ser bem digerido pelos eleitores. É que ele
retornou ao Executivo natalense com a promessa de tirar a capital do
Estado do ostracismo administrativo imposto pela gestão da jornalista
Micarla de Sousa. Como ele pouco tem conseguido concretizar e teria que
deixar o cargo em abril próximo, tal decisão seria uma arma para seus
adversários. Com o convite a Carlos Eduardo, o PMDB evidencia que
governar o Rio Grande do Norte não se trata de nenhum projeto
administrativo e sim familiar.
O nome de Garibaldi Filho ainda é prioridade no PMDB. Ele tende a se
lançar candidato em março ou abril. E mesmo assim somente depois que
tiver certeza que a governadora Rosalba Ciarlini não apresentar ameaça.
Afinal, Garibaldi sabe perfeitamente que é possível que o governo
estadual se recupere.
fonte defato.com
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